São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994 |
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Governo será mais amplo que PT, diz Lula
CLÁUDIA TREVISAN
O candidato usou essa expressão após elogiar Nelson Mandela, presidente da África do Sul. Lula ressaltou o fato de Mandela ter integrado a seu governo adversários da minoria branca. "É uma coisa fantástica, uma demonstração de que ele quer governar para todo o povo da África do Sul e não apenas para os negros." Na realidade, o governo de coalizão naquele país é uma exigência constitucional. Perguntado se convidaria para seu eventual governo partidos que lhe fazem oposição, Lula disse que é "prematuro" tratar do assunto. O petista embarcou ontem para a África do Sul, onde se encontra hoje de manhã com Mandela. "Tenho interesse em ouvir sobre as dificuldades e a estratégia que ele usou para ganhar as eleições e qual a estratégia pretende usar para governar", disse. Lula vê semelhanças entre os dois países. "Lá havia o apartheid racial e social e aqui temos o apartheid social." Diz que não concorda em ser comparado a Mandela, mas vê pontos coincidentes na trajetória de ambos: "Se Mandela representava maioria do povo negro eu tento representar aqui uma maioria marginalizada, que são os excluídos da sociedade brasileira." O candidato comentou a pesquisa do Datafolha publicada ontem pela Folha, segundo a qual 78% dos empresários ligados a grandes empresas acham sua eventual eleição negativa para o país. Disse que muitos empresários "não evoluíram" desde a eleição presidencial de 89. Lula disse que não dá importância à acusação de Leonel Brizola, de que seu patrimônio é incompatível com o rendimento de um operário. "O Brizola vem do tempo do populismo, em que o trabalhador comia em cocho e andava de chinelo. Não conhece a dinâmica de um torneiro mecânico numa indústria moderna", disse. Texto Anterior: Nacionalismo Próximo Texto: Estudos contestam utilidade da Norte-Sul Índice |
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