São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994
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SP importa incineradores para lixo

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeitura de São Paulo promete que em 1996 estará resolvido um dos problemas mais graves da cidade: o que fazer com as 12 mil toneladas de lixo produzidas diariamente por seus habitantes.
A solução virá do exterior e vai custar US$ 500 milhões. Esse é o preço da construção de três usinas de incineração (queima) de lixo.
"Eu considero o problema do lixo em São Paulo resolvido", diz o secretário de Desenvolvimento Urbano, Reynaldo de Barros.
Duas das usinas já foram licitadas. Uma terá tecnologia francesa e a outra, italiana. A terceira licitação deve ocorrer no próximo mês. As três devem estar prontas em dois anos.
Apesar do resultado da licitação mal ter sido noticiado, já foram realizadas duas manifestações de vizinhos às usinas contra a obra.
Um vídeo do movimento ambientalista Greenpeace, que circula nos bairros onde serão construídas as usinas, afirma que os gases produzidos por ela causam câncer, doenças respiratórias e malformações nos fetos.
"Isso é uma mentira. Em Paris, existe uma usina, semelhante a que vamos construir, distante 1 km da torre Eiffel, quase no centro da cidade", rebate Barros.
As usinas já licitadas serão construídas no aterro sanitário de São Mateus (zona leste) e no aterro de Santo Amaro (zona sul). Ambos já estão desativados há anos.
A terceira usina deve ser construída no Parque Anhanguera, mas o local ainda está em estudos.
"Nós vamos deitar em frente aos tratores se isso for preciso para impedir a construção da usina no bairro", diz Nair Alves Rezende, líder do Movimento de Saúde da Zona Leste.
Nair lembra que os movimentos populares do bairro são muito organizados. "A usina não passará. Ela vai fazer mal para nossa saúde", diz.
A usina de São Mateus será construída por um consórcio formado pela Vega-Sopave (grupo OAS) e pela italiana Martin. A usina de Santo Amaro está a cargo da empreiteira Etesco, consorciada a De Bartolemeis, francesa.
O financiamento para a construção das usinas foi obtido pelos próprios consórcios em bancos do exterior.
Pelo contrato com a prefeitura, eles vão construir as usinas e poderão operá-las por 20 anos, queimando o lixo da cidade. Depois desse período, as usinas passam para a prefeitura.

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