São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994
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BECK

DA "SPIN"

Beck, também conhecido como Beck Hansen ou Beck Campbell, tem 23 anos e é baladista de folk-rap-noise e atual sensação da MTV norte-americana.
Dois anos atrás Beck pintava letreiros azuis e cor-de-rosa em lojas de lingerie, comia Chee-tos e fazia fitas cassete caseiras de suas distorcidas canções pseudo-folk para seus amigos.
Hoje seu single "Loser", gravado em um cenário caseiro, está sendo tocado por rádios pelo país afora, depois de ser trilha de um comercial de cerveja.
Seu álbum de estréia, "Mellow Gold", previsto inicialmente para ser lançado pela gravadora mini-independente de Los Angeles Bongload Records, saiu em vez disco pela gigante DGC, no Brasil representada pela BMG.
Os críticos falaram que ele era porta-voz de sua geração. Essa honra pesa para Beck.
Essa história de porta-voz não o convence. A simples noção de ser porta-voz de milhões de pessoas deixa Beck atônito.
Beck não é nenhum vagabundo. "Sempre tive que ganhar dinheiro para comer e pagar meu aluguel e essa merda toda, e sempre foi difícil para mim", diz ele. "Nunca tive tempo ou dinheiro para ficar largadão".
Ele nem assiste TV; embora venha tocando uma canção chamada "MTV Makes Me Want To Smoke Crack" (A MTV Me Dá Vontade de Fumar Crack) há quatro anos, ele nunca assistiu o canal.
"Se você tivesse me dito um ano atrás que eu ia assinar um contrato para um disco, eu teria dado gargalhadas", diz ele. E não foi um contrato para apenas um disco.
Além de "Mellow Gold", Beck está com um novo disco, "Telepathic Astromanure", além de um álbum e um single a ser lançado pela K Records neste verão.
Com um punhado de EPs independentes e o cassete "Golden Feelings" (da Sonic Enemy) lançados no ano passado, Beck está rapidamente se tornando tão prolífico quanto um Prince de baixa fidelidade.
Mais tarde ele comenta: "Tudo isto que está me acontecendo agora é insano, porque se você perguntar a qualquer pessoa que me conhece, ela te dirá que sempre tive o maior azar.".
Se não fosse por "Loser", Beck ainda seria um cantor folk lutador de rua com um pedal de distorção e um sonho na cabeça, para não dizer, um perdedor.
Não há dúvida de que o caminho de Beck pelas listas de sucessos pop é uma das epopéias mais incomuns da história musical recente.
Tocando em cafés e clubes de Los Angeles e circulando suas fitas, Beck foi visto por Tom Rothrock, co-proprietário da Bongload, que acabou o colocando em contato com o produtor Karl Stephenson.
Quando brincava com algumas canções na casa de Stephenson, Beck pegou um trecho de guitarra que ele havia gravado e adicionou uma batida hip-hop.
Ele escreveu uma letra na hora e foi ao microfone, tentando fazer um rap em estilo Chuck D. "Quando eles tocaram para a gente ouvir, eu achei que era o pior rapper possível", diz Beck.
Depois de um ano, a Bongload lançou "Loser" em março de 93, numa prensagem de apenas 500 cópias, apenas para amigos e para ser tocada por rádios de faculdades locais.
"Mas no ano passado umas estações comerciais grandes começaram a tocá-la", conta Beck. "Eles nem tinham um original –faziam cópias de alguém que tinha um vinil."
Beck teve uma infância pouco convencional. Sua mãe, Bibbe Hanson era ex-cenarista da Factory de Andy Warhol
Filha de Al Hansen, um artista que fez parte do movimento Fluxus nos anos 60, com Joseph Beuys, ela criou Beck e seus irmãos para serem independentes e se virarem por conta própria.
Quando menino, Beck vivia entre Los Angeles e o Kansas, onde morava com seu avô, nada menos que um pastor.

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