São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 1994
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Jogo técnico encontra dificuldades na Copa

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

As primeiras partidas deste mundial serviram para comprovar que difilmente a técnica pode se impôr à força se a bola não corre rápido.
A Bolívia conseguiu assustar a Alemanha, mas acabou perdendo. A Colômbia se viu superada claramente pela Romênia.
E o México comprovou que a Noruega é uma das seleções cujos jogadores são autênticas máquinas.
Mas não acaba aqui o fracasso das equipes latinas, porque a Espanha e a Itália tambés não conseguiram vitórias em suas primeiras partidas.
As forças da equipe de Clemente se acabaram nos minutos finais, e a Coréia só teve que forçar o ritmo para marcar dois gols.
Os italianos comprovaram como a Irlanda é um dos conjuntos mais ingratos do mundo na hora de jogar contra eles, porque sua pressão impede, quase sempre, o jogo técnico do rival.
A única maneira de as equipes latinas imporem sua maneira de jogar é fazer a bola correr muito rápida.
Assim podem conseguir que o rival (Irlanda, Noruega, Rússia, EUA ou Coréia) vá perdendo forças devido a contínuas corridas atrás da bola.
A base do futebol é conseguir o controle quase total da bola, e isso é algo que as equipes sul-americanas sabem fazer perfeitamente.
Mas nesta Copa dos EUA tudo isso se complica por causa da grama, que está muito alta e seca, e a bola, que quase não rola.
Isso facilita que os jogadores bem prepardos fisicamente possam chegar em tempo de disputar todas as bolas contra jogadores que não estejam em condições de combater no homem-a-homem.
Além disso, acho aque as equipes mais técnicas teriam que conseguir fazer o terreno de jogo muito maior, colocando dois jogadores mais próximos das laterais em posição de ataque, praticamente nos dois extremos.
Também é inútil manter quatro zagueiros, se a equipe adversária joga com um ou dois atacantes.
Então há que se assumir mais riscos e jogar com um 3-4-3 ou um 3-5-2, com os dois pontas abertos nos extremos e sem centroavante.
Dessa maneira, o campo seria muito maior e as equipes que se baseiam na força dificilmente poderiam cobrir tanto espaço, e seriam elas que acabariam esgotadas e sem forças.

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