São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 1994
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De bom mesmo nesta Copa, só o Brasil

TELÊ SANTANA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Foi uma boa estréia. Na verdade, a melhor estréia de todas as chamadas grandes forças desta Copa do Mundo. A seleção brasileira foi superior o tempo todo, os russos mal chegaram perto de Taffarel, fizemos dois gols, ganhamos.
O resultado é importante. Nos dá a liderança do grupo com dois pontos de vantagem sobre nossos próximos adversários. É importante porque, sendo esta uma competição cheia de imprevistos, um eventual tropeço nos dois jogos que vêm por aí não será o bastante para nos roubar a classificação em primeiro lugar.
Claro, a seleção brasileira não foi perfeita. No primeiro tempo, principalmente, foi muito grande a distância entre o meio-campo e os dois homens de frente. Os russos chegaram a ter mais domínio de bola naquele setor. Isso pode e deve ser corrigido nos próximos jogos. Ou seja, o meio-campo tem de chegar mais, aquele espaço precisa ser reduzido. Talvez os quatro armadores tenham recuado muito por ser o jogo de estréia.
Alguns jogadores também não renderam o que sabem. Márcio Santos, nervoso, andou falhando. Zinho, embora tenha melhorado no segundo tempo, não foi nada bem.
Há também o caso de Dunga. De todos os jogadores de meio-campo, foi o que teve mais liberdade para ir à frente. Esperava que este papel fosse exercido mais por Zinho e Raí. Como Dunga não estava num dia feliz, sua ajuda a Bebeto e Romário não foi muita. Este me parece o problema maior da seleção brasileira: uma defesa bem armada, um meio-campo reforçado e um divórcio entre este setor e o ataque, que, como sabemos, conta com dois jogadores excepcionais que, no entanto, são atacantes durante os 90 minutos.
Um comentário à parte sobre Romário. É um jogador decisivo, daqueles que não fazem nada o tempo todo e, de repente, criam as jogadas da vitória.
Continuo achando que esta Copa, da qual esperava bem mais do que da de 90, está sendo uma decepção. É verdade que não vi a Holanda ontem e que só hoje a Argentina entra em campo, mas, até aqui, de bom mesmo só o Brasil.
Tenho certeza de que a seleção brasileira vai crescer ainda mais ao longo da Copa. Tem trunfos para isso. Nossos jogadores são de alto nível, o banco é bom, saímos na frente. Até aqui, tudo como queríamos.
Duas palavras sobre as arbitragens: muito boas. Há quem reclame dos excessos de cartões, mas é preferível pecar por excesso do que por omissão. Árbitros rigorosos, preocupados em fazer com que se cumpram as regras, em coibir o antijogo, em não permitir de forma alguma a violência, ajudam a melhorar o futebol.

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