São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 1994
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Transportes contam evolução de Lisboa

JAIR RATTNER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA

Até 30 de julho, Lisboa sedia uma exposição para mostra como a cidade mudou de 1850 até 1920.
Os caminhos da mudança estão no Museu da Cidade, na exposição "Lisboa em Movimento", realizada dentro do programa da Capital Européia da Cultura.
O arquiteto José Manuel Fernandes, um dos curadores da exposição, conta foram usados os transportes como fio condutor de uma mostra que passa pelas mudanças no urbanismo, nas infra-estruturas urbanas, nas casas, na rede elétrica e na vida social.
"Queremos dar uma visão das grandes mudanças de Lisboa no século 19", diz.
As datas escolhidas são dois marcos na história portuguesa e da cidade.
"A data de 1850 corresponde ao fim das lutas internas no país, quando o país entrou num processo muito rápido de modernização e 1920 é o fim da Primeira Guerra para Portugal", afirma Fernandes.
Um dos objetivos é fazer com que as pessoas que visitem a exposição não fiquem só olhando, mas também participem.
"É uma exposição aberta, antielitista. Conta com o tipo de objetos que podem ser reconhecidos por qualquer pessoa", explica.
Outras atrações são um hipomóvel –carro puxado a cavalos, em que os passageiros ficam em pé num estribo atrás– e um Citroen Torpedo de 1922, o mais antigo do país, que estarão à disposição para quem quiser dar uma volta pelos 12 mil metros quadrados do parque do museu.
Também 16 bicicletas vão ser colocadas no parque (fechado) para quem quiser dar uma volta.
"Queremos que a exposição tenha um sentido lúdico, de diversão e prazer. Não vamos apenas mostrar o trem de brinquedo do infante d. Luís, feito em 1846, mas queremos que as pessoas vejam ele se mexer", explica Fernandes.
O trem funciona a vapor, em uma réplica perfeita de uma das primeiras locomotivas da França.
Recriando o ambiente da época, uma vez por semana, os funcionários do museu vão vestir-se com réplicas de roupas do século 19 e recriar situações vividas naquele tempo.
Para lembrar a gastronomia, vai haver um bar no jardim, com doces típicos, muitos dos quais deixaram de ser feitos.
A exposição também vai sair das portas do museu. Um "eléctrico" –como os portugueses chamam os seus bondes– de luxo de 1901 estará todos os finais de semana realizando um percurso gratuito do Alto de São João até a estação de trem de Santa Apolônia, a primeira grande estação da cidade.
Entre as peças mais raras estão a carruagem da mala posta, que fazia até 1856 o percurso Lisboa-Porto, dividida em segunda classe –na frente, para ficar com o pó da estrada–, o compartimento do correio e a primeira classe atrás, uma escada Magirus alemã de 1889, dos bombeiros, feita de madeira, e a Milorde, a mais luxuosa carruagem do século 19 no país.

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