São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994
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Herdeiras do Eldorado vencem primos na Justiça

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde a última segunda-feira as filhas do fundador do Eldorado voltaram a ter acesso às contas e à administração de parte das empresas do grupo.
Joaquim Rebouças de Carvalho Sobrinho, 3º vice-presidente em exercício do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, cassou a liminar que impedia Maria Lúcia, Maria Helena e Maria da Conceição de exercerem na plenitude os direitos estatutários de diretoras.
Uma liminar dos sobrinhos do fundador afastou as herdeiras da participação dessas empresas há quatro meses.
Essa liminar permitia a eles, sem consulta às primas, alguns atos nas seguintes empresas: Eldorado S.A., Vega Ltda, Moinho Paulista Ltda e Fazenda Itaoca S.A.
A liminar favorável aos primos foi dada pelo desembargador Ney de Mello Almada, 3º vice-presidente do Tribunal.
Agora, em um despacho, Carvalho Sobrinho cita que a cassação da liminar "é prudente" devido "à notícia de irregularidades".
Essas irregularidades foram levadas ao conhecimento do Tribunal em petição elaborada pelos advogados Celso Mori e Marcelo Avancini, do escritório Pinheiro Neto, contratados pela Taveri, empresa que reúne as herdeiras.
As três Marias alegam que, por causa da liminar favorável aos primos, foi abandonada construção de um hipermercado.
E mais: dizem que "há fraudes no pagamento de ICMS da Crovel (uma das empresas do grupo), há várias reclamações trabalhistas e ocorrência de mortes em conflitos nas terras do grupo."
Luiz Corvo, advogado da Verpar, que reúne os sobrinhos do fundador, diz que a decisão de Carvalho Sobrinho contraria a decisão da 3ª Câmara Cível do Tribunal que, no dia 12 de abril último, decidiu por quatro votos a um negar a cassação da liminar.
"No nosso entender, a decisão de Carvalho Sobrinho é ilegal. A liminar deve ser mantida até o julgamento do mérito do mandado de segurança."
Corvo diz que hoje deve tomar providências judiciais para reestabelecer o que foi decidido pela 3ª Câmara.
As duas alas da família Veríssimo, controladora do Eldorado, estão disputando mais intensamente na Justiça desde julho de 1993.
É que naquela época eles fecharam um acordo para divisão das empresas do grupo, só que não chegaram a concretizá-lo porque discordaram da avaliação dos bens. (Fátima Fernandes)

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