São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Anúncio chocante ganha GP em Cannes

NELSON BLECHER
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Um anúncio nauseante, que exibe vestígios de um esqueleto humano junto às vísceras abertas de um tubarão, conquistou o Grande Prêmio (GP) do Festival de Mídia Impressa (Press & Poster) de Cannes (sul da França).
A peça foi criada pela agência australiana de publicidade Andromeda para uma indústria de confecções local. "Kadu faz roupas resistentes", diz a legenda de uma foto em que o impecável calção da marca é visto sob o braço de um esqueleto -a única coisa que sobrou inteira de um surfista devorado por um tubarão de três metros.
É a Benetton fazendo escola no mais importante festival de propaganda do mundo -embora a publicidade da marca italiana nunca tenha mergulhado em tão crua morbidez.
O presidente do júri, Nizan Guanaes, publicitário brasileiro da agência DM9, afirmou que "discordava" mas "respeitava" a sentença favorável ao anúncio ditada pelos 20 jurados. Mas mal conseguia disfarçar o desagrado:
"Acho que a busca da vanguarda a qualquer preço é prejudicial", disse ontem à Folha.
O anúncio provocou polêmica também entre os jurados, que optaram pelo escândalo na falta de uma peça concorrente -entre as 3.211 inscritas- capaz de galvanizar a preferência por consenso.
O Brasil, que no ano passado levou o Grande Prêmio e mais seis leões no festival de mídia impressa, teve um desempenho decepcionante desta vez. Apenas dois dos 288 anúncios conquistaram leões de bronze.
Foram premiadas as agências Almap:BBDO, por uma peça criada para a Volkswagen e a agência Contemporânea (anúncio para o jornal carioca "O Globo").

Texto Anterior: Estudo detecta contaminação de farinha de trigo
Próximo Texto: Importados são atração na abertura da Fispal
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.