São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994 |
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Ronaldo pode jogar contra camaroneses Zagueiro se considera pronto para estrear na seleção JOÃO MÁXIMO
Anteontem, ele disse à Folha, referindo-se à estréia contra Rússia: "na hora em que o Ricardo Rocha se machucou, cheguei a amarrar as chuteiras. É o movimento natural. Mas o técnico preferiu o Aldair." Folha - Acredita que realmente vá jogar contra Camarões? Ronaldão - Sim. Não sei do problema que impediu o Aldair de treinar hoje. Parece que foi uma pancada. Ele talvez se recupere, mas o Rocha eu acho que é difícil. Problema muscular não é coisa pra se resolver em três dias. Folha - Sente-se pronto entrar na Copa assim de surpresa? Ronaldão - Estou aqui para isso. Minha forma é boa, já que estava jogando no Japão. Afinal, não fui lá para jogar golfe ou beisebol. Folha - Se entrar ao lado de Márcio Santos, quem jogará pela esquerda? Ronaldão - Gostaria que fosse eu. Sou canhoto, sempre joguei pela esquerda. Já o Márcio Santos é destro. Mas não importa: jogo onde o técnico me escalar. Folha - Há uma semana você estava no Japão, jogando pelo seu clube e provavelmente nem pensando mais em seleção. A que atribui essa mudança brusca em sua vida? Ronaldão - Em primeiro lugar, jamais deixei de pensar na seleção. Fui convocado nove vezes antes e era perfeitamente normal que fosse de novo. É claro que os problemas de Mozer e Ricardo Gomes acabaram me trazendo até aqui, mas acho que tudo foi vontade de Deus. Acredito em destino. Talvez seja meu destino jogar esta Copa. Folha - Como está fisicamente? Ronaldão - Ótimo. No meu peso (89 kg para 1,87 m) e sem problemas de contusão. Pude chegar aqui e treinar logo, sem perder tempo com exames. Moraci (Sant'Anna) já tinha toda a minha ficha, feita no começo do ano. Folha - E o fuso horário, não atrapalha um pouco? Ronaldão - Este é o meu único problema, o sono. Do Japão para cá a diferença de fuso é tanta que ainda confundo as datas. Quase comemoro meu aniversário, 19 de junho (29 anos), um dia depois. Durmo e acordo muito cedo. Segunda-feira, levantei-me às 4h30 da manhã. Hoje (ontem), uma hora mais tarde. Acho que até o dia do jogo com Camarões estarei acordando na hora certa. Folha - Quer dizer que não corremos o risco de ter no time um zagueiro sonolento? Ronaldão - De forma alguma. Como é possível ter sono com o Brasil inteiro de olho na gente? Folha - Tem visto os jogos da Copa? O que tem achado? Ronaldão - Vejo todos os jogos que posso. O de Camarões, principalmente, assistimos com a maior atenção. É um time bom, com atacantes perigosos. Folha - Tem alguma receita para os zagueiros neste jogo? Ronaldão - A receita é a mesma para todos os jogos, todos os zagueiros: simplicidade e seriedade. Sempre foi esse o meu modo de jogar. Não brinco em campo em amistoso, quanto mais em jogo de Copa do Mundo. A simplicidade é fundamental para quem joga no meio da zaga. Quem enfeita pode errar. E os erros, ali, são fatais. Folha - Confia na defesa brasileira? Ronaldão - Muito. Os gols da gente, lá na frente, são assunto de Romário, Bebeto e companhia. Aqui atrás, é com a gente. Folha - Já assimilou o "dão" do seu nome na camisa? Ronaldão - Já. Eu só não gosto do Ronaldão porque alguns jornalistas o usavam em tom pejorativo. Folha - Telê escreveu que, se você entrar no time, não sai mais. Opinião de amigo ou de técnico que o conhece bem? Ronaldão - As duas coisas. Texto Anterior: Suécia quer decidir vaga contra a Rússia Próximo Texto: Jornais dos Estados Unidos destacam a vitória Índice |
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