São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994 |
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Brasil reencontra a sua magia futebolística
JOHAN CRUYFF
Ninguém pode negar agora que o Brasil joga como uma equipe, mas as suas ações ofensivas ficam concentradas em parcerias capazes de fazer autênticas diabruras. A bola vai de uma lado a outro com grande velocidade, passando pelos pés de muitos jogadores. Mas, de repente, o jogo de conjunto se converte em um jogo de parcerias. Pela esquerda, Zinho e Leonardo constituem uma mistura de técnica e rapidez que os torna elétricos. Pelo meio, Mauro Silva e Dunga se alternam na função de avançar com a bola, da zona defensiva a posições de ataque. E pela direita estão Jorginho e Raí, que se complementam perfeitamente. No entanto, todos esses toques de classe não serviriam a nada se lá na frente, como se a partida não fosse com ele, não estivesse Romário. Ele é o encarregado de converter em gols todos os toques geniais de seus companheiros. O Brasil pode jogar um futebol fantástico sem Romário, mas precisa dele se, além de dar espetáculo, quiser ganhar. Diante da Rússia tudo isso ficou muito claro e agora todo muito já sabe que o Brasil veio para ganhar a Copa. Bem, a única dúvida que tenho é se a seleção brasileira jogou no limite de suas possibilidades contra a Rússia ou se pode ainda trazer novidades em campo, o que é importante para saber qual a força real do time. No momento, o Brasil foi a única seleção entre as favoritas que ofereceu uma boa imagem. Isso é bom para o futebol. Outros países, como Colômbia e Itália, perderam na estréia. Alemanha e Holanda conseguiram vencer, sem convencer, mas ainda terão chance de mostrar suas qualidades. A seleção holandesa decepcionou a todos, pois não conseguiu fazer nada direito. Seu primeiro erro foi deixar crescer um inimigo pequeno, como a Arábia Saudita. E logo ficou claro como é difícil virar um jogo atualmente, mesmo tendo um time melhor. A Holanda não jogou no ataque e nem jogou bem na defesa. Essa ambiguidade não é boa. A equipe tem categoria, mas deve demonstrá-la em campo, correndo riscos e jogando abertamente, no ataque. Texto Anterior: Argentina entra com prazer na chuteira Próximo Texto: Colômbia mostra que só técnica não ganha Copa Índice |
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