São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Cesta se comporta como no período pré-URV

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O comportamento dos preços da cesta básica hoje, nesta fase pré-real, é semelhante ao que foi constatado no período que antecedeu a entrada da URV (Unidade Real de Valor) em 1º de março.
Os 31 produtos pesquisados diariamente pelo Procon/Dieese subiram 35,71% em cruzeiros reais entre os dias 1º e 21 deste mês.
Em igual período de fevereiro, a alta foi de 34,76%. A coleta é feita em 70 supermercados de São Paulo.
A variação em URV também é semelhante nos dois períodos. Nos primeiros 21 dias de junho, foi de 5,80%; em fevereiro, de 6,14%.
"Os cenários de preços nos períodos pré-URV e pré-real são parecidos. Eles refletem as remarcações preventivas antes da entrada do novo indexador e da nova moeda", diz Marcelo Sodré, coordenador do Procon, órgão de defesa do consumidor.
Detalhe: em fevereiro, a variação da cesta básica bateu recorde desde que a pesquisa começou, em março de 90. Em cruzeiros reais, a alta foi de 54,01%; em URV, 10,66%.
Um novo recorde não está descartado –fevereiro tem menos dias úteis do que junho.
Para Sodré, se os reajustes tivessem seguido o ritmo dos primeiros 13 dias de junho, com alta em URV de 6%, era certo que o índice de junho superaria o de fevereiro.
Mas as recentes autuações dos supermercados começaram a reverter esse quadro, explica Sodré. Resultado: até o dia 21 a alta em URV recuou para 5,80%.
Heron do Carmo, coordenador-adjunto do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, concorda.
Para ele, o comportamento dos preços reflete as remarcações pré-URV e pré-real.
Depois do repique de fevereiro, as variações em URV e cruzeiros reais recuaram nas três primeiras semanas de março, abril e maio. Voltaram a acelerar só em junho.
Heron prevê movimento semelhante em julho. Em sua avaliação, isso deve ocorrer com alimentos in natura e semi-elaborados. Feijão e carnes puxaram as altas do produtos da cadeia de protéicos e lideraram as remarcações em fevereiro e em junho.
"Os preços podem refluir nos setores mais competitivos na fase do real", prevê Heron. Motivo: as cotações hoje estão altas e o consumidor provavelmente não vai sancionar novos aumentos. (Márcia de Chiara)

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