São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 1994
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'Vagas para Moças' é teatro (mal) filmado

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Filme: Vagas para Moças de Fino Trato
Produção: Brasil, 1993
Direção: Paulo Thiago
Elenco: Norma Bengell, Maria Zilda Bethlem, Lucélia Santos
Onde: Espaço Banco Nacional de Cinema/sala 2

Norma Bengell, Maria Zilda e Lucélia Santos dividiram o prêmio de melhor atriz por este filme no Festival de Brasília do ano passado. "Vagas para Moças" participou também de oito festivais internacionais e foi bem recebido pela imprensa quando exibido em março deste ano em Nova York.
Resta pouco a dizer em favor do filme. Adaptado da peça homônima de Alcione Araujo, ele mostra a claustrofóbica convivência entre três mulheres que dividem o mesmo apartamento: uma professora de piano viúva (Norma Bengell), uma enfermeira de hospício (Maria Zilda) e uma jovem esquizofrênica (Lucélia Santos).
As três têm suas esquisitices particulares: a viúva molesta seus aluninhos e recebe o fantasma do marido; a enfermeira é adepta do sexo selvagem com desconhecidos; a maluquinha fantasia que o encanador é um artista de circo que foge com ela pelo mundo.
Críticos americanos viram neste "hui clos" histérico "uma metáfora do Brasil contemporâneo", algo que, francamente, passou despercebido a este jornalista.
O filme foi rodado em Vitória, mas parece não estar situado em lugar nenhum a não ser nos esquemas gastos de um feminismo rasteiro e antiquado. Todas as cenas parecem algo já visto, todos os diálogos soam como já ouvidos em algum lugar dos anos 70.
O problema do filme não é tanto o fato de ser teatro filmado –Bergman e Fassbinder Extraíram maravilhas do "formato". O problema é que "Vagas para Moças" é mau teatro mal filmado.
Sua abordagem sucumbe ao peso de concepções prévias sobre o "tema". Com isso, afasta toda leveza e toda surpresa possíveis. O resultado é um drama recitado, travado e tristonho.

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