São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 1994 |
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Investidor aposta em empresas de bens de consumo FERNANDO CANZIAN FERNADO CANZIAN ; JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
Os investidores internacionais estão colocando mais dinheiro no Brasil em ações de empresas ligadas ao consumo. Grandes corretoras de Nova York acreditam que o Plano Real aqueça a economia e puxe para cima as ações dessas companhias. "Os investidores saíram das ações de estatais e estão indo para as de empresas ligadas ao consumo", diz Marcelo Cabral, responsável pelos investimentos na América Latina da corretora Morgan Stanley. A procura por ações de empresas ligadas ao consumo não é só dos estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). "O Plano Real vai incorporar cinco milhões de brasileiros ao mercado consumidor", diz o presidente em exercício da Bovespa, Pedro Toledo Piza. Ele não aposta em qualquer explosão de curto prazo. "Não será uma queima de estoques. O consumo vai crescer paulatinamente." Piza citou os setores que devem ser beneficiados: avícola, agroindustrial, de óleos vegetais e o comércio. "O setor de bens duráveis (geladeiras, por exemplo) é também uma boa opção. Mas, as ações estão em queda por causa da eventual restrição ao crédito", diz. Antônio Carlos Mendes Barbosa, do Banco Patente, diz que a relação entre o preço da ação e o valor patrimonial do setor de eletroeletrônicos (veja quadro) "tem a ver mais com a Copa do que com o Plano Real". Uma ação equivale a uma parte da empresa. Logo, a relação entre o preço da ação e o patrimônio deveria ser de um. O preço flutua de acordo com as expectativas sobre o desempenho da empresa. Existe espaço para alta das ações em toda empresa que tem uma relação (preço da ação/valor patrimonial) menor do que um e boas expectativas de crescimento. Para José Fraga, coordenador para a América Latina da corretora Merrill Lynch, as ações das empresas de bens de consumo devem se valorizar nos próximos meses. Fraga afirma que o movimento atual representa a "última cartada" dos investidores internacionais. Eles devem começar a sair do mercado pouco antes da eleições. É consenso entre os investidores que o mercado de ações de empresas públicas deve cair caso o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ganhe as eleições. Em visita a Nova York, Lula não se mostrou favorável às privatizações. Disse que a ênfase de seu governo será na produção de bens populares e alimentos. Aloízio Vasconcelos, presidente da trading Westchester, que faz a intermediação de exportações de empresas norte-americanas para o Brasil, diz que aumentaram, nas três últimas semanas, os negócios com alimentos, peças para carros, remédios e matérias-primas para produtos de higiene e limpeza. Texto Anterior: Poupança terá correção do aniversário ao dia 30 Próximo Texto: Venda por catálogo atrai grupos mundiais Índice |
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