São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 1994 |
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Sem BC independente, plano tem vida curta, afirma Francisco Gros
ANTONIO CARLOS SEIDL
Trabalhando atualmente no banco norte-americano Morgan Stanley, Gros afirmou que sem a revisão constitucional e a independência do Banco Central a estabilidade terá vida curta. Defensor da independência para o Banco Central, Gros disse que essa medida é uma demonstração de que a estabilidade da moeda é a principal prioridade do país. Gros falou à Folha, por telefone, de seu escritório em Nova York, na manhã de sexta-feira. A seguir, trechos da entrevista. Folha - A entrada do real vai derrubar a inflação? Francisco Gros - O plano é um passo numa longa caminhada no sentido da estabilização. Mas há obstáculos ao seu sucesso porque não foram feitas a reforma constitucional, a reforma tributária e a reforma do Estado. Além disso, é preciso dar independência ao Banco Central. Folha - Qual o impacto desses obstáculos na estabilização? Gros - Todas as reformas importantes para o processo de estabilização da economia brasileira continuam na fase de projetos. Tudo que fizemos foi criar um fundo de emergência por um período de dois anos e estamos aumentando a arrecadação fiscal um pouco no grito. Folha - O que será do plano sem as reformas estruturais? Gros - Mais uma medida de curto prazo. O plano será eficiente ou não dependendo das medidas que o novo governo e a nova legislatura implantarem. Folha - Qual é a importância da independência do Banco Central? Gros - Não é o único, mas é um dos fatores fundamentais para a implementação e sustentação de um programa de estabilização. Significa que a sociedade considera que a estabilidade da moeda é a prioridade mais importante do país. Em nome da estabilidade da moeda, a sociedade tem de estar preparada para alguns sacrifícios. Folha - A sociedade brasileira está preparada para isso? Gros - A sociedade brasileira quer a estabilidade da moeda, mas essa é uma de suas quarenta e cinco prioridades. Na situação atual o Banco Central é chamado frequentemente a acomodar essas demandas todas. A sociedade, via Congresso, na revisão constitucional precisa dar esse mandato ao Banco Central. Texto Anterior: Troca por real pode criar 'desapontamento' Próximo Texto: URV deve fechar o mês com alta de 47% Índice |
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