São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 1994
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As virtudes do Brasil e os erros da Argentina

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

Considero que entre essas três seleções só Brasil e Argentina têm capacidade de lutar pelo título, sem descartar outras equipes consideradas favoritas como a Alemanha.
Não há dúvida que Brasil e Argentina são as seleções que deixaram uma melhor imagem depois de dez dias de campeonato. Mas entre as duas equipes existem grandes diferenças e estilos de jogo que as convertem em dois times praticamente antagônicos.
Pessoalmente prefiro o Brasil. Não que a Argentina não possa obter sucesso e chegar ao título, mas o modo de jogar do 11 de Parreira é mais alegre e menos especulativo que a maneira que a Argentina se movimenta em campo.
O Brasil está colocado em campo com uma disposição mais ofensiva, não porque tem mais acatantes –o Brasil joga com dois pontas, Romário e Bebeto, e a Argentina também, com Batistuta e Caniggia– mas pelo fato de que os alas Jorginho-Raí e Leonardo-Zinho também pensam em jogar no ataque.
A Argentina, mais que controlar a bola, poderia se dizer que também a esconde e que por isso seu futebol me parece mais especulativo. Além de contar com a surpresa em jogadas inesperadas, sobretudo de Maradona, o time sabe mudar seu ritmo, aproveitar oportunidades de bola parada e criar com facilidade chances de gol com ações rápidas.
O Brasil, por sua vez, é exatamente o contrário. Quando tem a bola em seu poder, sua obssessão, além de manter a sua posse, é buscar o mais rápido o possível uma situação favorável para fazê-la chegar a Bebeto e Romário.
O jogo do Brasil é menos especulativo, mais nobre e fomenta mais o espetáculo. Mas é certo que é muito mais arriscado porque não conta com a segurança do sistema de contenção argentino, para quem, realmente, custa criar situações de perigo.

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