São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 1994
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Times erram ao desistir do ataque pelas laterais

TELÊ SANTANA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Argentina conseguiu uma expressiva vitória sobre a Nigéria, tem de fato bons jogadores, especialmente os atacantes Caniggia, Batistuta e Maradona, mas não é um time de meter medo. Nem a Argentina nem a Bélgica, os dois países que formam com o Brasil o trio dos únicos que ganharam todos os pontos que disputaram.
A Bélgica venceu Marrocos num jogo fraco e, depois, com mais categoria, uma Holanda que não tem uma equipe tão boa como as de outras Copas. A Argentina começou com uma goleada sobre a modesta Grécia e, anteontem, já num jogo melhor, pôde superar a Nigéria de virada. E só.
Nesse grupo de seleções que venceram todos os seus jogos até agora, o Brasil é mesmo o melhor. Na verdade, de todas as 24 seleções, é a que tem mais condições de jogar aqui um bom futebol e de até sagrar-se campeã mundial.
Acho uma bobagem dizerem que, nesta Copa, está se vendo um confronto entre o futebol bonito e o futebol competitivo –e que este, afinal, está levando vantagem.
Muito dessa afirmativa tem a ver com o fracasso colombiano. Esperavam alguns que a Colômbia fosse ser a grande atração desta Copa. Engano.
Em primeiro lugar, é preciso ter em conta que futebol bonito e futebol competitivo não são incompatíveis. Uma equipe pode ter uma defesa segura, um meio-campo reforçado, usar menos atacantes que apoiadores, e ainda assim praticar um futebol que agrade aos olhos.
O que estamos vendo aqui, nos EUA, é a grande maioria, quase totalidade dos participantes, sabendo se defender e não sabendo como atacar. Mesmo a Argentina, com seus três talentosos homens de frente, um dos quais Maradona, não está sabendo variar suas opções ofensivas. Vai muito pelo meio, a zona mais congestionada do campo, e esquece as laterais. Onde estão os laterais argentinos? Não atacam.
É nesse ponto que o Brasil se destaca. Pode ser uma seleção exageradamente retraída, pode ter um meio-campo pouco ousado e pouco criativo, mas seus ataques são perigosos tanto pelo meio, com Bebeto e Romário, como pelas laterais, com Jorginho e Leonardo.

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