São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 1994
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Cinema americano invade estúdios ingleses

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

Os estúdios de cinema do Reino Unido estão tendo uma taxa de ocupação este ano sem precendentes na história recente.
Técnicos, dublês e atores britânicos estão com a agenda cheia. Não se trata do renascimento do cinema local, mas do que está sendo chamado de "invasão americana".
Londres está cheia de estrelas de Hollywood. Seus dois maiores estúdios, Pinewood e Shepperton, estão sendo usados para produções como "Mary Reilly", baseado na história de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, com Julia Roberts, Glen Close e John Malkovich no elenco e direção do britânico Stephen Frears.
Também em Pinewood estão sendo rodados "First Knight", com Sean Connery e Richard Gere encarnando a lenda do rei Arthur, e "Entrevista com o Vampiro", com Tom Cruise.
Em Shepperton, Kenneth Branagh está finalizando seu "Frankenstein", com Robert De Niro, e Sylvester Stallone está atuando na ficção-científica "Judge Dreddd". Há ainda planos para a filmagem de Pinóquio por Francis Coppolla.
A procura é tanta que os produtores do próximo filme da nova fase de James Bond, "Goldeneye", talvez não consigam filmá-lo em Pinewood, o set de quase todos os filmes da série.
São dados vários motivos para a invasão de Hollywood: alguns estúdios de Los Angeles teriam sido afetados pelo terremoto do ano passado, a queda da libra esterlina, a facilidade da mesma língua, o que daria vantagem ao Reino Unido em relação aos baratos centros de produção do Leste Europeu.
Os profissionais, porém, preferem acreditar que o principal fator é a competência. "Houve um renascimento de filme de época e ninguém consegue produzi-los melhor do que nós", diz Roy Button, diretor da filial da Warner Brothers no Reino Unido.
As boas notícias para estúdios e profissionais não se refletem na produção de cinema britânico. O investimento local em cinema em 93 foi menor do que há dez anos.
Com exceção do filme "Quatro Casamentos e Um Funeral", que lidera as bilheterias no Reino Unido após estourar nos EUA, todos os outros filmes entre os dez mais vistos no país são americanos.
Cerca de 500 profissionais do setor se reuniram em Londres em março para pedir incentivos e estímulos fiscais ao governo. A resposta foi não.

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