São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 1994
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Passeata homossexual reúne 600 mil em NY

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Cerca de 600 mil pessoas, segundo os organizadores, fizeram ontem em Nova York a maior passeata de homossexuais da história dos EUA para celebrar os 25 anos da "revolta de Stonewall", o episódio que marcou o início do movimento gay norte-americano.
A marcha começou às 11h diante do prédio da ONU e terminou por volta das 14h no Central Park, onde os participantes ficaram reunidos até o fim da tarde.
Uma bandeira de 1 km de comprimento por 9 m de largura e pesando mais de 3.000 kg foi carregada por mais de 10 mil manifestantes durante toda a passeata.
A bandeira, que deve entrar para o livro "Guiness" como a maior do mundo, tinha as cores do arco-íris, simbolo do "movimento pelos direitos civis dos gays".
Logo atrás da bandeira caminhava o prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, e os "veteranos de Stonewall" –um grupo de cerca de 20 homossexuais, quase todos com mais de 50 anos, que participaram da "revolta de Stonewall".
Stonewall é o nome de um bar no Greenwich Village, ao sul de Manhattan, onde há 25 anos gays e travestis brigaram durante duas noites seguidas com a polícia, que na época reprimia homosexuais.
O episódio é considerado a gênese do "movimento gay moderno nos EUA" e obrigou a polícia de NY a acabar com a repressão contra os homossexuais.
A praça em frente à ONU foi escolhida como local para a concetração para "mobilizar internacionalmente a luta pelos direitos civis e humanos dos homossexuais", segundo os organizadores.
A marcha subiu pela 1ª Avenida, entrou à esquerda na rua 57 e virou à direita na 6ª Avenida, em direção ao Central Park.
O trânsito de Manhattan parou e várias ruas ficaram interditadas.
Uma outra passeata com 8.000 pessoas e não autorizada pela polícia saiu da frente do bar Stonewall (que ainda existe), também por volta das 11h, e subiu pela 5ª Avenida em direção ao Central Park.
O objetivo dessa passeata, segundo Joe Conforti, do grupo Act Up, era "criar confusão para chamar atenção para a falta de verbas para o combate à Aids".
Às 15h e já no Central Park, os manifestantes das duas passeatas fizeram um minuto de silêncio em lembrança às vítimas da Aids e centenas de voluntários passaram recolhendo doações para campanhas de ajuda a doentes de Aids.

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