São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994
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Suécia não preocupa; o problema é o Brasil

TELÊ SANTANA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasil decide com a Suécia, hoje, em Detroit, quem vai ser o primeiro no grupo B. Um empate é garante aos brasileiros o direito de jogar as oitavas-de-final em Palo Alto e só depois ir a Dallas. E mais: garante que pegaremos em seguida um terceiro lugar de grupo.
A Suécia parece-me melhor que Rússia e Camarões, mas não chega a preocupar. Como costuma acontecer com os que enfrentam o Brasil, a Suécia deve jogar na defesa, mesmo precisando da vitória.
Ao contrário do que pode parecer, é melhor enfrentar times defensivos. Além do que os suecos perderam uma de suas únicas peças ofensivas, Martin Dahlin, suspenso.
Preocupa-me mais o time brasileiro que o sueco. Ainda não jogamos bem nesta Copa. Contra a Rússia, tivemos a justificativa de ser uma estréia, na qual os jogadores são sempre vítimas de certa tensão.
Já contra Camarões, não há como explicar tantos equívocos. O meio campo, principalmente, errou muitos passes. Isso contra um adversário que praticamente não ameaçava. Nervosismo? Não podemos aceitar isso numa equipe tarimbada, cujos jogadores, na maioria, atuam na Europa, têm experiência internacional.
Tomo o exemplo de Mauro Silva. Foi dos melhores jogadores brasileiros na estréia contra a Rússia. Contra Camarões não esteve bem. Era visível nele a preocupação de "mostrar jogo". Como se Mauro Silva precisasse provar que não é apenas um jogador de destruição, mas um apoiador completo, capaz de criar. Podia ter simplificado, passando de primeira em vez de tentar sempre um toque a mais.
Volto ao jogo de logo mais com a Suécia. Sinceramente, esperava mais dos suecos. Muitos de seus jogadores atuam no exterior (como os nossos) e foi a partir deles que o técnico Svensson estruturou o time. Mas não é impossível a Suécia acabar disputando o segundo lugar do grupo com Camarões.
Não há, assim, motivo de temor para o Brasil. A defesa está bem, o meio-campo pode acertar a qualquer momento, os atacantes (Bebeto e Romário) são dos melhores do torneio, e há, finalmente, a grande arma dos laterais, Jorginho e Leonardo, os únicos na Copa que têm consciência de que é por ali que se chega ao gol.
São dois craques que, com técnica de sobra para atuar até no meio-campo (como fizeram em seus clubes), ajudam a fazer do Brasil o melhor da Copa.

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