São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994
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Eficiência no ensino

Alguns indicadores sociais têm mostrado um alarmante retrocesso do país –ou pelo menos de regiões dele– no que se refere a requisitos essenciais de civilização e desenvolvimento. Há poucos dias, a opinião pública ficou estarrecida com o crescimento dos índices de mortalidade infantil no Nordeste. Agora, ficamos sabendo que, em Alagoas, a taxa de analfabetismo cresceu nos últimos dez anos, atingindo 45,4% da população.
É escandaloso e revoltante que quase metade da população de um Estado brasileiro não saiba ler e escrever. Para se ter uma idéia comparativa do que isso significa, basta lembrar que na China –país essencialmente rural e que dispõe de uma escrita substancialmente mais complicada que a nossa– cerca de 70% dos cidadãos são alfabetizados. Se analisarmos os números de um país como o Japão, cuja taxa de urbanização (77%) é semelhante à do Brasil e cuja escrita é praticamente tão complexa quanto a chinesa, a disparidade é vertiginosa: só 1% dos japoneses não sabem ler.
A falência do ensino público básico é evidente em todo o Brasil. A situação de Alagoas –embora hoje seja uma das mais críticas– está longe de representar um caso isolado. É, ao contrário, exemplar do que ocorre no país como um todo.
Mais ainda do que de recursos econômicos –nem sempre tão escassos quanto em geral se proclama–, alfabetizar e promover o ensino elementar são tarefas que precisam de vontade política e de eficiência na execução.
Se não houver uma reformulação radical no aproveitamento das verbas públicas, a educação continuará por muito tempo a envergonhar o país, alimentando o perverso círculo vicioso que faz de cidadãos mal instruídos os instrutores da geração seguinte.

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