São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 1994
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Sadia diz que descontaminação tornaria o produto tóxico

DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor de relações institucionais da Sadia, Alfredo Luz, 47, diz que para diminuir a quantidade de fragmentos de insetos nas farinhas de trigo é preciso usar doses maiores de inseticidas, o que tornaria a farinha mais tóxica.
A empresa é citada no relatório sobre farinhas da Semab (Secretaria Municipal de Abastecimento).
O relatório é o resultado de uma análise feita em 93 com amostras de 23 marcas. Segundo o estudo, 21 marcas têm fragmentos de insetos além do limite permitido no país –30 a cada 100 gramas.
Os dados só foram divulgados na semana passada porque acabam de ser tabulados, segundo Luiz Antonio Colombo, diretor da Vigilância Sanitária da Semab.
Para Alfredo Luz, a demora nos resultados faz a pesquisa parecer "pão dormido". A Sadia parou em outubro de 93 de fabricar duas marcas da lista: Sadia e Trianon.
Hoje a empresa é proprietária de 50% da Lapa Alimentos, que continua a fabricar duas outras marcas apontadas pela pesquisa da Semab: Dona Benta e Fama.
Luz afirma que o limite de fragmentos de insetos no Brasil é exagerado. Nos EUA o limite é de 75 fragmentos por 100 gramas e no Canadá, de 100 fragmentos.
"Esses países, que são de Primeiro Mundo e estão entre os maiores produtores de trigo, reconhecem que é impossível a inexistência de insetos no trigo", diz.
O moinho Santista Alimentos, que fabrica a farinha Sol, afirmou através de anúncio que segue as normas do país e que tem laudos de junho de 94 que atestam a qualidade do produto.
O Centro de Vigilância Sanitária do Estado –que ao contrário da Semab pode punir fabricantes de farinha– recolheu na sexta-feira amostras para análise, que deve ficar pronta em uma semana.
Segundo Ivair Alves, 41, diretor da divisão técnica de produtos do Centro de Vigilância, há um mês foram analisadas farinhas de moinhos paulistas e não foram verificados problemas.

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