São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 1994
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Dieese aponta aumento real de 270% em mensalidade; escola nega

DA REPORTAGEM LOCAL

As mensalidades e taxas escolares na cidade de São Paulo aumentaram 506% mais que os aluguéis e 412% mais que a alimentação desde 1987, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
As mensalidades teriam ficado 270,60% acima da inflação medida pelo Dieese no período.
José Aurélio de Camargo, presidente do Sieeesp (sindicato das escolas particulares de São Paulo), disse que considera os números do Dieese "inconsequentes".
"A classe média, que perdeu renda com a recessão, não poderia pagar as escolas", afirma.
O número de 270,60% acima da inflação foi calculado pelo Dieese na diferença entre os 26.995.027.981% do ICV (Índice de Custo de Vida), que mede a inflação no município de São Paulo, e o aumento da mensalidade no período: 100.044.064.840%.
Mauro de Salles Aguiar, diretor do Colégio Bandeirantes, que tem cerca de 3.000 alunos, admite a possibilidade de as mensalidades terem aumentado além da inflação do período. Mas ele afirma que o lucro hoje não é maior do que na década de 80.
"Uma aberração é tomar por base o ano de 87. Os preços das escolas estavam congelados e tudo tinha sido liberado. Subimos depois para compensar", afirmou.
Segundo Eugênio Cordaro, 40, proprietário do escritório de consultoria CNA, que trabalha com 70 escolas, outro fator que pressionou a mensalidade foi a perda de alunos da rede particular.
Entre seus clientes (escolas que atendem a classe média alta paulistana), a perda foi de 10% no número de alunos de 91 para 92, de 6% de 92 para 93 e de 4% de 93 para 94.
Ele afirma também que os salários dos professores, que estavam muito baixos em 1987, tiveram um aumento de 100% reais em média.
Celso Napolitano, diretor-tesoureiro do sindicato dos professores, diz que isso não é verdade.
"De fato, o acordo salarial deste ano previa aumento real de 9%. Mas eles aplicaram isso após a média do Plano Real. Os salários precisariam de 45% em média para se igualar a março do ano passado."
O Sinpro não dispõe da variação do salário desde 87.

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