São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mudando para melhor

THALES DE MENEZES

As mudanças nas regras do circuito masculino anunciadas esta semana em Wimbledon são dignas de comemoração. A ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) deve ainda este ano aplicar mudanças mais radicais, mas esse primeiro pacote já vale a pena.
Os dirigentes acertaram em iniciar a reformulação combatendo a "cera" dos tenistas entre os pontos. A idéia de encurtar os intervalos entre as disputas de bola veio do lobby das emissoras de TV.
A semifinal da Grand Slam Cup do ano passado, entre Pete Sampras e Petr Korda, durou 4h30. De bola "voando", no entanto, apenas 2h58. Resumindo: um terço do jogo com bola parada.
A limitação do intervalo entre os pontos estipulada agora para 20 segundos é boa, se os árbitros brigarem para que ela seja cumprida. A regra anterior, de 25 segundos, caiu no ostracismo faz tempo.
Sampras, o rei da enrolação, leva até 45 segundos entre passos para cá, passos para lá, arrumação das cordas da raquete e a tradicional enxugada de mão na toalhinha.
Essa regra começa a vigorar dia 12 de setembro, mas todos os árbitros estão orientados a cobrar desde agora mais rapidez dos tenistas.
As outras mudanças valem já a partir do próximo dia 18, favorecendo espectadores e –mais uma vez– emissoras de TV.
Depois de uma década reivindicando, as emissoras conseguiram o direito de colocar um microfone próximo à cadeira do árbitro. Com isso, fica possível captar as conversas do juiz com os tenistas.
Dessa forma, será evitada aquela situação em que os narradores e os telespectadores ficam sem entender o que está sendo discutido.
As últimas mudanças devem causar mais polêmica. Fica permitido ao público se movimentar na platéia e até reagir "espontaneamente" durante a disputa dos pontos, com a condição de não ter intenção de atrapalhar um jogador.
Aspecto positivo: acaba com essa frescura de tenista pedir silêncio absoluto para sacar. Ora, Romário pode pedir silêncio no Maracanã cada vez que entra na área para chutar? Então o tenista que aprenda a jogar com algum barulho.
Aspecto negativo: a regra depende da interpretação do árbitro. Aplausos durante um ponto podem ser intencionais para atrapalhar um jogador? Sim e não. Passaram mais esse abacaxi para os árbitros.
Tudo vale para tentar resgatar o interesse do público. Falta muita coisa, como mudar a pontuação, a área de saque e outras sugestões. Mas o primeiro passo foi dado.

Texto Anterior: Atacante Massaro é o quarto goleiro da Itália; Maradona será jogador com mais jogos em Copas; Detroit tem primeiro caso de torcedores repatriados
Próximo Texto: Notas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.