São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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Doença já atinge mais os heterossexuais

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em números absolutos, a Aids já está atingindo mais heterossexuais que homossexuais no Estado de São Paulo.
Ao longo dos anos 80, o número de homossexuais com a doença era três vezes maior que o de heterossexuais.
Nos primeiros meses de 94, os heterossexuais já representam 22,16% dos casos notificados contra 17,01% de homossexuais.
"É uma tendência que não tem mais volta", diz o médico Artur Kalichman, 34, vice-coordenador do Programa Estadual de Aids.
Quando se fala em incidência –o percentual de casos comparado com setores da população– os homossexuais continuam sendo os mais atingidos pela doença.
A tendência de crescimento entre os heterossexuais aparece no boletim de junho que o CRT-Aids –Centro de Referência e Treinamento– vai divulgar nos próximos dias.
Kalichman diz que o aumento de casos entre heterossexuais ainda é diretamente ligado ao crescimento da infecção entre usuários de drogas. Desde 89, eles representam mais de 30% das notificações.
A tendência é mais clara nas cidades onde o uso de drogas é maior, como Santos. A contaminação de heterossexuais ainda está se dando mais pela droga injetável que pela prática bissexual.
Segundo ele, a tendência é de aumento da doença entre homens e mulheres pela prática heterossexual desvinculada da droga.
Prova disto é o crescimento rápido da Aids entre mulheres. No início dos anos 80, havia uma mulher doente para 40 homens. Hoje a proporção no Estado é de uma mulher para quatro homens. (Aureliano Biancarelli)

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