São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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Na morte do CR$, vendas desabam em São Paulo

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas desabaram nos últimos dias do cruzeiro real. Supermercados chegam a registrar queda de faturamento de até 25% nesta semana, na comparação com a passada.
Lojistas do centro de São Paulo informam que o movimento e a receita das lojas caíram até 80% desde a implantação da URV (Unidade Real de Valor). A retração se acentuou nos últimos dias.
"A mudança da troca da moeda deixa o consumidor confuso. E mais: o próprio ministro Rubens Ricupero pediu para a população não gastar", diz Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo.
Levantamento da entidade mostra que do dia 1º a 28 deste mês as vendas a prazo caíram 8,7% e à vista 8% sobre igual período de 1993.
Na comparação com igual período de 1992, ano de forte recessão, a queda é de 8,5% e 3,4%, respectivamente.
"As vendas estão de fato horríveis. Alguns supermercados registram queda de até 25% no faturamento sobre a semana passada", diz Omar Assaf, vice-presidente da Apas (Associação Paulista dos Supermercados).
Segundo ele, de janeiro a maio, o faturamento do setor caiu 5% sobre igual período de 1993. Em junho, na sua análise, essa queda deve se manter sobre o mesmo mês de 1993.
Os lojistas do centro de São Paulo, especialmente da rua 25 de Março, estão com saudades de ver as suas lojas lotadas de clientes.
A Rendamar, rede de três lojas que comercializa artigos de papelaria, linhas, brinquedos etc, registra queda de 80% no movimento e no faturamento desde a estréia da URV até agora.
"Esperamos que os clientes voltem com o real", afirma Enzo Grasso, sócio-proprietário.
A Tecidos Cassia Nahas, outra rede de lojas da 25 de Março, registra queda de 20% nas vendas neste mês na comparação com igual período do ano passado.
"A troca da moeda e a Copa do Mundo inibiram o consumo", afirma Romeu Curi Cassia, proprietário.
A Ragueb Chohfi, localizada na região da r. 25 de março, também registra queda no faturamento neste mês –de 20% a 25%, na comparação com igual mês de 1993.
Para Raul Chohfi, diretor-superintendente, essa retração nas vendas se acentou com o início da Copa do Mundo.
"Mas a impressão que tenho é que após o dia 1º de julho vamos ver uma bolha de consumo. Isso significa aumento de vendas da ordem de 15% a 20%", afirma.
Segundo Chohfi, o consumidor vai tirar dinheiro da poupança quando perceber que vai ganhar 5% ao mês e não 50% ao mês.

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