São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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Disco parece vingança

DA "SPIN"

"The Downward Spiral", segundo disco do Nine Inch Nails, parece uma vingança.
Sem dizer uma novidade sobre o problema de estar vivo, o álbum recria a sensação de abandono de Trent Reznor, que transforma o que é familiar em uma ferida recente, devido em grande parte a seu senso artístico como projetista de sons.
Como Brian Eno, Reznor adora simular o acaso, juntando pedaços do "White Album" de Prince, do pop europeu, da música industrial e de trilhas sonoras.
Ele também valoriza a crueza do punk, e quebra suas construções musicais com um ataque barulhento.
Trabalhando com o produtor Flood, que colaborou com Eno e trouxe à tona a angústia no Depeche Mode e no U2, Reznor mistura o peso e a suavidade de uma forma que sempre surpreende.
As contradições do Nine Inch Nails surgem em camadas, como quando a voz quase chorada de Reznor é coberta por um som gerado por sintetizadores de uma montanha de vidros se quebrando na música "Hurt".
As letras de Reznor algumas vezes escorregam para a banalidade quando ele ataca as doenças do mundo, ventilando sua raiva contra a religião, o capitalismo ou o comércio de armas.
"The Downward Spiral" é um presente de Reznor, e seu ato de coragem, que nos leva para um lugar de desamparo, e que nos mostra que mesmo na escuridão, ainda podemos sentir.

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