São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994 |
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FHC chama Lula de 'candidato da inflação'
GABRIELA WOLTHERS
Mostrando intimidade com as diretrizes do plano, FHC chegou a afirmar que não haverá qualquer controle de preços. "O tabelamento gera ágio e desabastecimento", concluiu o candidato. Segundo ele, os aumentos registrados com a entrada do real "são momentâneos" e se resumem, principalmente, ao arredondamento do preço do pão francês e ao "aumento injustificável" das tarifas dos ônibus promovidos por algumas prefeituras. FHC se reuniu ontem com a direção da campanha em seu comitê em Brasília. Ficou acertado que, a cada crítica de Lula ao real, o candidato deve frisar que o petista "aposta na inflação". Segundo a análise dos coordenadores, o eleitor acabará identificando Lula como o candidato antipatriótico. "Quando mais Lula bater, melhor", disse FHC. "O povo vai dar a resposta na urna à sabotagem política." Segundo o tucano, esta "sabotagem" se verifica com as "inverdades" que Lula está pregando. "Não houve perdas salariais, não houve congelamento, a transição para o real foi tranquila e não vai haver recessão", disse FHC. O candidato considera "uma mentira de perna curta" a intenção do PT de divulgar índices que incorporem os aumentos de preços praticados com a virada da moeda. "Essa tática pode até ser usada em julho, mas o que eles farão em agosto, quando todos os índices serão praticamente os mesmos e mostrarão a queda brusca da inflação?", perguntou FHC. Para ele, a estratégia petista não dará resultado porque, com a moeda forte, o trabalhador não perderá mais dinheiro com o que FHC chama de "imposto inflacionário" –a perda do poder aquisitivo entre recebimento do salário e o restante do mês. "O trabalhador não é bobo, por isso que as greves não estão tendo êxito", afirmou o ex-ministro da Fazenda. O tucano esteve ontem no Itamaraty. Participou das comemorações do centenário do nascimento de Oswaldo Aranha (1894-1960) –ministro da Justiça e da Fazenda do governo Getúlio Vargas. Na solenidade, teve encontros com o presidente Itamar Franco, com o ministro-chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, e com o secretário-geral da Presidência, Mauro Durante. O líder do governo no Senado, Pedro Simon (PMDB-RS), fez questão de mostrar uma nota da nova moeda ao candidato. "Com o real, você já está eleito", disse Simon logo em seguida. Texto Anterior: Aulas Próximo Texto: Tucano infringiu lei ao autografar nota de real Índice |
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