São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994 |
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Leilão aponta juro em queda
FIDEO MIYA
A redução das taxas pode acontecer já a partir da próxima semana. É que, ontem, o BC "tabelou" o custo do dinheiro de curtíssimo prazo no overnight (negócios de um dia com títulos públicos) até a próxima sexta-feira, ao tomar recursos do mercado a 11,97% ao mês, mantendo a projeção do juro no patamar de 8,3%. Ocorre que os BBCs vendidos no leilão semanal de ontem –que são o lastro do dinheiro negociado por um dia no overnight– vencem no próximo dia 3 de agosto. Isso significa que, se até lá o juro do overnight não baixar para a média de 10,87% ao mês, os bancos, corretoras e distribuidoras que compraram os papéis vão ter pesados prejuízos, pois terão que financiá-los a um custo superior à remuneração paga pelo BC. Como o juro no dia-a-dia está sendo mantido em 11,97% pelo menos nos próximos três dias, para atingir a média de 10,87% até 3 de agosto, ele terá que cair no final de julho e início do mês que vem para uma taxa muito inferior. O leilão de ontem forneceu dados preciosos. Primeiro porque ele irá balizar as taxas dos CDBs prefixados. Diante da fraca demanda das empresas por empréstimos, os recursos captados pelos bancos com a emissão desses papéis é canalizada para a compra de BBC. Isso significa que a remuneração do BBC vira teto do rendimento do CDB. Em segundo lugar, a taxa do BBC definiu um horizonte de 28 dias para o custo básico do dinheiro na economia. É a partir dele que os bancos vão calcular os juros a serem cobrados nos empréstimos para as empresas e para clientes e consumidores. A tendência declinante apontada no leilão de ontem confirma as previsões feitas à Folha no último fim-de-semana por banqueiros como Raul Barreto, do Banco Mercantil-Finasa, e Alcides Tápias, presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos). Eles previram que o BC ia patrocinar juros muito altos no início de julho e que as taxas poderiam cair já na segunda quinzena, quando serão divulgados os primeiros indicadores seguros de que as remarcações feitas na entrada da nova moeda não empurraram a inflação deste mês para além de 5%. A expectativa dos banqueiros é que, com juros altos, o consumidor deixe seu dinheiro aplicado, adiando as compras e evitando os pesados custos financeiros do crediário, o que obrigaria as empresas a voltarem atrás nas remarcações. Texto Anterior: Itamar cobra explicações para juro alto Próximo Texto: Mercado se reúne para avaliar custo do dinheiro Índice |
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