São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Preços desiludem consumidor

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os consumidores estão decepcionados com os preços dos produtos em real. Nos shoppings de São Paulo, as lojas estão quase vazias. Nos supermercados, os clientes criticam os preços e afirmam que tudo ficou muito caro.
A desilusão com o preços era esperada pelos economistas da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) da USP, responsáveis pelo cálculo do custo de vida em São Paulo.
No mês passado, eles cunharam a expressão "desilusão monetária" para definir a reação previsível do consumidor ao perceber que os salários, mesmo em URV, não acompanharam o aumento dos preços.
Segundo Juarez Rizzieri, coordenador de preços da Fipe, esse sentimento de desilusão vai mudar no decorrer do mês, quando os consumidores perceberem que os preços ficaram estáveis. "Aí eles sentirão um alívio financeiro, porque não sofrerão a perda de poder aquisitivo de antes".
A decepção atinge tanto o consumidor de menor renda, quanto os de alto poder aquisitivo.
Os mais ricos fazem os cálculos em dólar e dizem que os preços de vários produtos estão mais caros do que no exterior.
A dona-de-casa Maria Cristina Bessa, que fez compras ontem no supermercado Pão de Açúcar da praça Panamericana (em Pinheiros, zona oeste), se dizia inconformada.
"Gastei o equivalente a US$ 50 em frios, pães e laticínios, para o consumo de três dias. Estou indignada com os preços. No mês passado, comprei moletons de excelente qualidade, em Paris, por US$ 25. Se fosse aqui, não comprava nem um pijama.", disse ela.
No supermercado Sé, também na praça Panamericana, os consumidores estavam igualmente indignados. "Este plano é horroroso. Não vai dar certo. Os preços estão um roubo", afirmou Sueli Badra, professora de piano.
Gilda Batista, que faz mestrado em história na USP, disse que sua sensação é de impotência. "Acabo de passar um mês em Nova York e me assustei com nossos preços".
Maria Aparecida Claudino, digitadora, e Edilene Cardoso, secretária, consumiram o horário de almoço vendo preços no Shopping West Plaza.
Para avaliar se um produto está caro, as duas reconvertem os preços para o cruzeiro real. "Me sinto desorientada. O mesmo par de sapatos que comprei por CR$ 28.000 há um mês está por CR$ 82.500,00", disse Maria Aparecida.
"Louco é quem mete os pés pelas mãos e compra agora. Os preços vão ter que cair", disse Edilene.

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