São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Sobe venda com cartão apesar do juro alto

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas com cartão de crédito começam a ganhar fôlego com o real e a perspectiva de uma inflação baixa.
Embora os negócios estejam crescendo, os juros continuam altos: as taxas do crédito rotativo cobradas pelas administradoras oscilam de 11% a 17% ao mês.
Só vale a pena optar pelo cartão se a fatura for paga totalmente na data do vencimento.
As taxas do crediário não ficam atrás. O Mappin, por exemplo, cobra 8,4% ao mês para financiar a compra de um televisor Philips, que custa R$ 360, com uma entrada de R$ 84,06, mais quatro prestações com esse mesmo valor.
"Os juros estão elevados e refletem a política monetária ditada pelo Banco Central", diz Nilton Volpi, presidente da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviço), que reúne sete administradoras.
Volpi diz que no último sábado, as administradoras registraram crescimento de 40% nas consultas das lojas para aprovar vendas acima do limite garantido.
Apesar de as vendas em geral continuarem fracas, algumas lojas já sentiram a preferência pelo cartão nos primeiros dias da nova moeda.
Na rede Gregori, especializada em roupas femininas, os negócios com cartão saltaram de 15% em junho para 25%, de sexta-feira até ontem, informa Sheila Santana, supervisora da rede. "Os clientes estão substituindo o cheque pré-datado pelo cartão de crédito."
Movimento semelhante foi detectado na loja Hugo Boss, de roupas masculinas. Carlos Eduardo Parolari, gerente da loja do shopping Iguatemi, diz que a venda com cartão cresceu cinco pontos percentuais depois do real e corresponde a 65% do faturamento.
O interesse dos comerciantes pelo uso do cartão também cresceu. Desde que foi adotada a URV (Unidade Real de Valor) em março, mais de 30 mil novos estabelecimentos comerciais passaram a aceitar o cartão, segundo a Abecs.
Entre eles estão lojas de departamento, supermercados e até postos de gasolina, diz Volpi.
Desde ontem, 550 postos de gasolina da bandeira Ipiranga-Atlantic das principais capitais do país começaram a aceitar o cartão Credicard/Mastercard para pagamento de combustível.
Segundo OsCar dos Reis, gerente de marketing da distribuidora, a perspectiva é de aumentar entre 15% e 20% as vendas. "Se a inflação voltar, o cartão cai."
Entre as lojas de departamento, o exemplo mais flagrante é o Mappin. A loja só trabalhava com cartão próprio, cheque pré-datado, crediário e venda à vista. Agora aceita todos os cartões de crédito.

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