São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Parreira tenta abafar crise na seleção

FERNANDO RODRIGUES; JOÃO MÁXIMO; MÁRIO MAGALHÃES
DOS ENVIADOS A LOS GATOS

O técnico da seleção brasileira de futebol, Carlos Alberto Parreira, e o jogador Muller negaram ontem que tenham discutido depois do jogo contra a equipe dos Estados Unidos, anteontem.
"Apenas estávamos celebrando", disse Parreira. "A pessoa que disse isso é um trouxa", afirmou Muller, demonstrando nervosismo e mudando de assunto.
Muller saiu de campo conversando com Parreira na segunda-feira. Uma análise de seus movimentos labiais mostra que o jogador reclamou com o treinador sobre a forma do time jogar.
Ontem, depois do treino matinal dos jogadores reservas, Muller saiu pelos fundos do campo. Admitiu dar entrevista apenas depois da insistência de alguns repórteres.
Antes de ser informado sobre a análise de seus movimentos labiais, afirmou que a conversa com Parreira segunda-feira foi "apenas sobre coisas da partida. Foi só uma exaltação pela vitória".
Indagado se teria exigido um lugar no time titular, o jogador disse: "Quem sou eu? O Parreira é o treinador e tem que ser respeitado. O que ele faz é para melhorar a equipe e ganharmos os jogos".
O técnico Parreira disse que o responsável pela interpretação dos movimentos labiais de Muller "vai ter que mudar profissão".
"Vocês inventam notícia e nós temos que ficar desmentindo", afirmou o técnico. Sua versão para a conversa com Muller é que foram discutidos "apenas assuntos do jogo".
Parreira não revela os detalhes do diálogo que teve com o jogador reserva.
O técnico brasileiro teve que responder ontem sobre as críticas formuladas pelo atacante Romário, que reclamou da forma de jogar da seleção brasileira.
Romário disse que falta técnica aos jogadores da seleção. "Nada a comentar", disse Parreira, secamente e encerrando o assunto.
Parreira e os jogadores brasileiros estão tensos. Respondem nervosamente as perguntas sobre os problemas técnicos da seleção.
Desde o dia 26 de maio nos EUA, os jogadores reclamam do regime de clausura a que estão submetidos. Ficam a maior parte do tempo presos no hotel.
"Eu repito para os jogadores: nós temos que levar a Copa até o final. Dos 15 jogos –oito nas eliminatórias e sete aqui– já foram 12. Não vamos deixar cair agora", disse Parreira. (FR, JM e MM)

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