São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Até agora, uma boa Copa dos atacantes

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A FOXBURO

Meus amigos, meus inimigos, as oitavas-de-final desta 15ª Copa do Mundo de futebol terminaram ontem sem nenhum zero a zero. Na primeira fase, tivemos apenas dois jogos, em 36, sem gols.
Vários mitos estão caindo nesta Copa. O primeiro é de que havia acabado o espaço para se jogar futebol. Os 22 jogadores em campo se aplicariam na rigorosa ocupação das zonas de jogo.
A sensação que fica dos jogos vistos aqui é de que o campo voltou a crescer. Tem prevalecido, principalmente nas escolas mais fortes, o princípio do ataque sobre o princípio da marcação total.
Daí os gols que estão surgindo aos borbotões, marcando uma diferença com relação ao Mundial da Itália, quando prevaleceu o jogo sem a procura dos gols.
Uma variação importante nesta Copa é que os times de maior qualidade abandonaram a marcação homem-a-homem.
Adotaram a defesa com quatro jogadores em linha, fazendo pressão na zona. Até a Itália, que sempre adotou a marcação fixa de um jogador sobre o outro, joga com quatro zagueiros em linha.
Graças a Arrigo Sacchi. Os times de maior expressão também não adotaram o alinhamento de 5 jogadores, seja no meio-de-campo, seja na defesa. A exceção é a Alemanha, com Matthaeus de líbero.
Olhando o desenho do time poderia se dizer que a Alemanha joga com cinco na defesa. Mas Matthaeus não tem função fixa e é muito mais um distribuidor de jogo –muitas vezes ocioso– do que defensor.
A maior parte dos times de envergadura nesta Copa têm ainda optado por usar uma variação de quatro ou três jogadores no meio-de-campo.
A Suécia, um time tão bem ensaiado que parece um time de vôlei, joga em 4-4-2 rigído. Faz duas linhas: quatro zagueiros e quatro meio-de-campo paralelos como se fossem uma banda militar.
O Brasil joga em uma espécia de 4-2-2-2, porque Mauro Silva e Dunga ficam um pouco mais atrás do que Raí e Zinho. A Itália ontem chegou a usar um 4-3-3, com Baggio, Massaro e Signori.
A Alemanha ousou adotar uma formação com três atacantes (Klinsmann, Riedler e Moeller). Mesmo a formação atual tem vocação de três atacantes, com Hassler atuando com Klinsmann e Voeller.
A Argentina, nos dois primeiros jogos, variou em 4-3-3 e 4-2-4. A Suíça chegou a adotar um 4-2-4, no jogo que venceu a Romênia por 4 a 1. A Romênia tem uma formação para jogar em 4-3-3.
Mas a maior curiosidade na retomada dos três atacantes promovida por esta Copa é o caso da Holanda. Ela jogou até aqui em um 3-4-3, usando o mesmo sistema de defesa do Barcelona.
No ataque, uma formação surpreendente: ponta-direita, centroavante e ponta-esquerda, fixos. Coisa que não se via há muito tempo no futebol moderno.
Usarão esta formação contra o Brasil? Acho difícil. O bom-senso manda recuar mais um jogador para a linha de defesa. Se ele vai sair do meio-de-campo ou do ataque, é o que resta saber.

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