São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Todas as seleções melhoraram na 2º fase

TELÊ SANTANA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Todas as seleções melhoraram na 2ª fase
Os jogos da Copa melhoraram muito nas oitavas-de-final. Cada um é uma decisão –e cada decisão tem acontecido entre equipes que têm se mostrado melhor do que na primeira fase. Nervosismo à parte, o Brasil está no mesmo caso.
Começa-se a jogar nos EUA o futebol que eu esperava nesta Copa, mas que não se confirmou nos primeiros jogos. Um bom exemplo é a Alemanha. Suas primeiras apresentações não me agradaram.
Agora, não. Os alemães fizeram contra os belgas um dos melhores jogos da Copa. Cinco gols, muitas jogadas de ataque, futebol ofensivo e veloz. Se não foram tão bem na primeira fase –a começar pelo 1 a 0 da estréia com os bolivianos– os alemães estão agora a caminho da final. Podem até não chegar lá, mas melhoraram muito.
A Holanda, nossa adversária deste sábado, também cresceu. Está em condições de fazer um grande jogo com o Brasil.
Até a Argentina, eliminada pela Romênia, melhorou em sua partida de oitavas-de-final. Pelo menos, em relação à derrota anterior para a Bulgária, justamente no dia em que Maradona saiu da Copa.
Muita coisa tem contribuído para essa ascenção das equipes que passaram pela primeira fase. Um dos fatores é a qualidade das arbitragens. Já não digo tecnicamente. O que me agrada nos árbitros é o seu comportamento diante do antijogo, da violência, dos recurso extra-futebol. Não há desculpa: agiu errado, leva cartão.
Lembro o lance da expulsão de Leonardo, um jogador de alto nível técnico e que jamais apela para o antijogo. Nervoso, tenso, reagiu daquela maneira contra o americano Tab Ramos, e foi expulso.
Isso vem a propósito não só das arbitragens como também, e principalmente, dos nervos da seleção brasileira. Até agora, essa seleção não viveu um instante de tranquilidade em seus jogos. Já disse que essa seleção tem raça, entusiasmo. Precisa ganhar serenidade.
Perguntaram-me se a seleção tem jogado tensa por ser a favorita ao título. Não creio. Nem no favoritismo, nem que ele possa deixar nossos jogadores nervosos. Há gente experiente neste time. Taffarel, Jorginho, Bebeto, Romário, Mazinho, já estiveram numa Copa.
Uma coisa é clara: daqui para frente, não há mais favoritos. Justamente pelo rigor das arbitragens, vão para a final desta Copa os dois que praticarem melhor futebol. O Brasil pode ser um deles.

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