São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994 |
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Irreverência é o segredo
RICARDO CALIL
Direção: Mike Newell Elenco: Hugh Grant, Andie MacDowell, Kristin Scott Thomas e outros Salas: Bristol, Olido 1, Lumière e Interlagos 2 Em seu primeiro encontro, o inglês reprimido Charles (Hugh Grant) e a americana liberada Carrie (Andie MacDowell) vão para a cama. Na manhã seguinte, Carrie diz: "Bem, agora que vamos nos casar...". Depois de meio minuto de tensão, Charles percebe a brincadeira. "Por um momento pensei que estivesse em 'Atração Fatal' e que iria encontrar meu coelho na panela". A trama se resume às cinco cerimônias a que se refere o título do filme. Nelas, Charles, que odeia os casamentos, se apaixona por Carrie, que não se envergonha em dizer que teve 33 amantes (como ela mesmo diz, "mais do que Madonna e menos que Lady Di"). Em torno do casal, outros oito personagens se desenvolvem –um casal homossexual, outro hipersexuado, um milionário atabalhoado e outros. Nenhum, porém, que se aproxime muito de estereótipos. O homossexualismo, por exemplo, é tratado com delicadeza exemplar. Num dos momentos mais tocantes, um dos rapazes recita a seu amante o belíssimo "Funeral Blues", de Auden. O principal trunfo do filme está no roteiro de Richard Curtis, que tenta resgatar a comédia romântica do limbo com seus encontros e desencontros amorosos. Curiosamente, Andie MacDowell protagonizou as últimas boas produções do gênero, como "Green Card - Passaporte para o Amor" e "Feitiço do Tempo". Mas o destaque do elenco fica com Hugh Grant. Se não convence a todos como "sex symbol", consegue demonstrar seu talento. Enfim, um filme inglês que não precisa se passar por americano para provar seus méritos. "Quatro Casamentos" não nega a origem: do riso às lágrimas, é um filme, acima de tudo, "very british". (RC) Texto Anterior: 'Quatro Casamentos' resgata o romantismo Próximo Texto: Diretor quer um lugar ao sol em Hollywood Índice |
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