São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
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Romário deve ter marcação individual

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

Pela primeira vez nesta Copa se viu 16 seleções lutando pela vitória. Cada uma à sua maneira. Umas defendendo muito, mas contra-atacando com instinto assassino. Outras impondo sua maior experiência. E uma ou duas dominando a bola e controlando o ritmo da partida.
As oitavas-de-final tiveram a sorte de que, na maioria das partidas, o placar saiu do zero na primeira meia hora. Isso sempre ajuda. Quem está perdendo tem de atacar.
No entanto, apesar dos gols e da emoção de algumas partidas, me preocupa que a maioria das equipes eliminadas foram as que deram peso aos jogos.
A Argentina, por exemplo, dominou totalmente a Romênia. A bola quase sempre esteve em seu poder. Criou chances para vencer. Mas caiu fora.
Outros casos: a Suíça assumiu o papel de atacar contra a Espanha, mas acabou perdendo por 3 a 0; a Arábia Saudita passou quase todo o tempo no campo da Suécia, mas terminou goleada por 3 a 1.
A qualidade daqueles que querem conduzir a partida não é grande o suficiente para superar os adversários. Assim, o jogo defensivo e de contra-ataque acaba se impondo.
Eu diria que só o Brasil, apesar de seus detratores, e a Holanda souberam controlar o jogo e ter a bola em seu poder.
Há seleções que não se importam em ter a posse da bola, como Espanha, Suécia ou Romênia. Mas Brasil e Holanda não sabem jogar sem tocar na bola. Os brasileiros foram os que, até agora, tiveram mais tempo de posse de bola.
Naturalmente há outros fatores que devem ser considerados. A Holanda não tem um grande goleador, mas tem mais facilidade para marcar gols que o Brasil, que dependem totalmente da magia de Romário.
Não sei como Advocaat fará a marcação sobre Romário, mas deve se decidir por uma marcação individual com Valckx ou até mesmo com Winters. Eu optaria pela marcação individual. É muito perigoso concentrar todo um sistema defensivo em um só homem. Romário é um mestre no um-contra-um. É essencial que essa situação não aconteça.
Fazer prognósticos é algo absurdo num esporte no qual a lógica falha tanto, mas acho que o Brasil tem alguns detalhes técnicos que lhe dão uma ligeira vantagem.

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