São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para Zagalo, Holanda deixará Brasil jogar

ALBERTO HELENA JR.
ENVIADO ESPECIAL A LOS GATOS

O coordenador técnico da seleção, Zagalo, 63, na manhã de ontem, antes do início do último treino na Universidade de Santa Clara, fazia questão de revelar uma confiança absoluta na conquista da Copa do Mundo dos Estados Unidos.
Afinal, o Brasil vai enfrentar uma equipe que, pelas suas próprias características, vai ao ataque e não fica apenas se defendendo.
"Isso vai permitir que tenhamos os espaços desejados. Até agora, todos os nossos adversários preferiram ficar plantados lá atrás, esperando o nosso time no seu próprio campo. Os holandeses, não. Eles atacam também. É da natureza de seu futebol. E aí vocês vão ver como o nosso time sabe atacar, tendo espaços pra isso."
Para ele, os holandeses centram seu jogo ofensivo sobre três atacantes –Overmars, Van Vossen e Bergkamp.
E esse é o perigo que temos de enfrentar, pois até agora nossa defesa não foi exigida tanto quanto deverá ser contra a Holanda.
"Esses três se movimentam muito lá na frente, e voltam também quando perdem a bola. Mas nós, pelo menos nesse jogo, teremos chance de contra-atacar. E, com Bebeto e Romário tendo espaço, eles resolvem qualquer parada."
Essa confiança comedida de Zagalo conflita com a imagem de vinte anos atrás, quando Brasil e Holanda se encontraram pela primeira vez numa Copa do Mundo, na Alemanha, em 1974.
Às vésperas daquele jogo, o então técnico da seleção brasileira, Zagalo, tinha uma postura de absoluto desprezo em relação aos holandeses.
Chegou mesmo a depreciar o futebol holandês, dizendo que eles praticavam um "futebol alegrinho" e que, pelo que lhe constava, "holandês joga de tamanco".
O Brasil perdeu aquele jogo por 2 a 0 e teve de ir disputar o terceiro lugar com a Polônia, enquanto a Holanda jogava a final, em Munique, contra a Alemanha, que se sagrou campeã.
Ao relembrar aquele jogo, ontem, Zagalo, afinal, rendeu-se à realidade. "Aquela geração de jogadores holandeses era excepcional. Eles criaram um estilo tão bonito e eficiente que nem o próprio técnico Rinus Mitchels conseguiu repetir, com outros jogadores. Agora, a história é outra".

Texto Anterior: Itália marca um gol a cada 17 finalizações
Próximo Texto: Brasil volta a jogar de azul
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.