São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994 |
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Tutsi indica hutu para governo ruandês
ANDRÉ LAHOZ
O convite foi aceito ainda ontem. Isso confirma o anúncio de Kagamé feito anteontem, quando prometeu também }um cessar-fogo unilateral. A FPR domina as duas principais cidades do país, Kigali (a capital) e Butare. Controla também cerca de 75% do país. Apesar de minoritários, os tutsis estão com amplo domínio militar sobre as forças do antigo regime (hutus). O fato de terem convidado um hutu para formar um governo foi bem-recebido na Europa e particularmente na França, pois mostraria um real interesse de formar um governo }amplo. O conflito entre as duas etnias já pode ter matado 1 milhão de pessoas desde a morte do presidente Habyarimana, ocorrida em 6 de abril. O massacre de civis levou os franceses a enviar tropas ao país, para uma missão humanitária. A iniciativa francesa continua provocando reações negativas, particularmente após a criação de uma }zona humanitária de segurança, na qual a FPR não pode entrar. É para essa região que estão se dirigindo os soldados hutus, derrotados no resto do país. Os soldados esperam que seus antigos aliados franceses voltem a apoiá-los. Junto com soldados, milhares de civis fogem de Kigali, temendo uma represália da FPR pelos massacres contra os tutsis. Apesar de contrária à criação dessa zona de segurança, a FPR não quer conflitos com os franceses. Seus soldados estão estacionados a poucos quilômetros da zona de segurança. "Não sabemos porque Paris nos trata como inimigos. Não queremos a guerra", disse ontem Kagamé. O presidente francês, François Mitterrand, afirmou que }a FPR não é nossa inimiga, tentando acalmar os ânimos, que andaram tensos após uma troca de tiros entre franceses e FPR domingo. Dois jornalistas franceses foram baleados na segunda-feira entre Gikongoro e Kigali por homens da Frente Patriótica Ruandesa. Isabelle Staes e José Nicolas estavam desaparecidos até ontem. Foram localizados em um hospital em Kigali e devem voltar para a França. (André Lahoz) Texto Anterior: Clinton quer Rússia fora dos países bálticos Próximo Texto: Angola inicia negociações Índice |
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