São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estudo aponta extermínio de crianças no Rio

NILSON BRANDÃO
DA SUCURSAL DO RIO

Pelo menos 70% das 1.152 mortes violentas de crianças e adolescentes no Estado do Rio ocorridas no ano passado tiveram ligação com a ação de grupos de extermínio, segundo o CEAP (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas).
A informação consta da versão preliminar do relatório anual sobre extermínio organizado pelo CEAP.
O levantamento do CEAP mostra que de 1988 a 1992 foram exterminados 1.888 menores no Estado.
O documento será enviado a entidades nacionais e estrangeiras, como a Anistia Internacional, e para autoridades do governo brasileiro. O CEAP é uma ONG (organização não-governamental).
O levantamento tomou como base dados colhidos no Instituto Médico Legal e na Secretaria de Polícia Civil do Estado, disse o secretário-executivo do CEAP, Ivanir dos Santos.
Segundo ele, há indícios de que 855 das 1.152 mortes violentas (74,22%) de pessoas com até 17 anos no Estado em 1993 sejam resultado da atuação de grupos contratados para matar menores.
Esses assassinatos foram cometidos com armas de fogo (570 dos casos) ou agressões (285), "formas típicas de ação desses grupos", afirmou Santos.
O secretário-executivo considera "moderada" a conclusão, que exclui outras formas de morte violentas, como estrangulamento e envenenamento.
Ele disse que a entidade havia previsto para o ano passado o extermínio de 700 menores.
No primeiro trimestre desse ano, segundo Santos, 234 das 308 mortes violentas de menores foram provocadas por grupos de extermínio –72,9% do total.
A pesquisa do CEAP indica que 55,19% das mortes violentas de menores no trimestre aconteceu na cidade do Rio, 26,62% na Baixada Fluminense (Grande Rio), 12,66% em Niterói (a 15 km do Rio) e 5,52% no interior.
Segundo ele, o número assassinatos é maior no Rio porque "os cadáveres ficam mais expostos e são encontrados mais facilmente, ao contrário do que ocorre na Baixada".
Na Baixada, disse ele, haveria maior número de pontos de "desova" (locais onde são deixados os mortos), o que dificulta a localização dos corpos.

Texto Anterior: A tarifa "real"
Próximo Texto: Grupos matam mais meninas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.