São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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É um erro pensar que a Holanda joga no ataque

TELÊ SANTANA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Brasil e Holanda devem fazer, hoje, no Cotton Bowl, um dos melhores jogos –senão o melhor– das quartas-de-final desta Copa. Mesmo que o forte calor de Dallas não seja o ideal para se jogar futebol.
Parreira tem dito que "agora vamos enfrentar um time que ataca". E que isso seria bom para o Brasil. Alguns jogadores também acreditam que a Holanda "joga e deixa jogar".
Não acredito nisso. Todo mundo que enfrenta o Brasil tem medo. A Holanda não é exceção. Não devemos esperar um adversário aberto, ofensivo.
Na verdade, não há time ofensivo nesta Copa do Mundo. Ninguém hoje joga para o ataque no futebol mundial. Contra-atacar é a palavra de ordem.
Mesmo o Brasil joga no contra-ataque. Fecha-se na defesa quando o adversário tem a bola, utilizando três volantes à frente dos quatro zagueiros. Mazinho é um terceiro volante.
A Holanda tem uma boa equipe. Melhorou muito na segunda fase. Não é, como diz Parreira, um time que joga e deixa jogar, de futebol ofensivo. Vai se fechar contra o Brasil. A marcação sobre Bebeto e Romário será dura. É possível também que se preparem para bloquear os avanços dos nossos laterais. Não vai ser fácil.
Mas acredito na seleção brasileira. Temos bons jogadores, embora eles ainda não tenham demonstrado uma perfeita noção de conjunto. No jogo passado, contra os EUA, ficou claro que o sentido coletivo da seleção ainda não está apurado.
Mas confio numa vitória hoje. Mesmo que o Brasil perca muito com a entrada de Branco. Leonardo vinha fazendo muito bem o papel de lateral que busca a linha de fundo. Sem as mesmas condições físicas e com este calor, não sei se Branco terá fôlego e pernas para fazer o que Leonardo fazia.
Mas nossa defesa é boa. Aldair e Márcio Santos, os dois zagueiros que entraram, estão firmes. Com três volantes, temos proteção de folga para que os laterais avancem e os atacantes não precisem recuar.
Podemos e devemos ganhar. Principalmente se jogarmos bem, o que não fizemos até agora. E temos Romário, o homem que decide. É claro que os holandeses vão marcá-lo em cima. Koeman, o líbero, conhece-o do Barcelona e vai ficar atento a cada um de seus gestos em campo. Mas ele é lento. Lento demais para Romário.

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