São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994
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Maioria dos bebês sofre de desnutrição aguda

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TEOTÔNIO VILELA (AL)

O secretário de Saúde de Teotônio Vilela (AL), Eugênio Costa Melo, 36, afirmou que existem 1.000 bebês com desnutrição grave e aguda entre as 1.200 crianças com menos de um ano da cidade.
"É necessária uma ação emergencial para reverter esse quadro que eu preferia não ter divulgado", afirmou.
Neste ano, 80% por cento das mortes de bebês foram provocadas por diarréias e desidratação; 15%, por infecções pulmonares; 5%, por outras causas.
Em três casas visitadas pela Agência Folha e pelo secretário, na zona urbana do município, 11 crianças apresentavam infecção respiratória e desnutrição.
Com um ano e três dias de vida, Janaina Dias dos Santos, foi o bebê com o estado mais crítico entre os avaliados pelo secretário.
Ela tinha apenas quatro quilos e meio, uma aparência de criança como aquelas que se vê em fotos da Etiópia –barriguda, pele ressecada e murcha pela falta de gordura, cabelos foscos que não crescem, além de infecção pulmonar.
Nas três casas visitadas, as mães preparavam a mamadeira com o que elas chamam de "gogó". O "gogó" é uma mistura de água com farinha de mandioca. Muitas vezes sem leite.
Maria das Graças Costa, 39, que já enfrentou a morte de três filhos, preparava às 8h de sexta-feira um "gogó" ralo para seu filho.
Para uma mamadeira, colocava apenas um colher de leite em pó, quando o recomendável são pelo menos quatro.
Os 12 mil trabalhadores rurais de Teotônio Vilela dependem de empregos oferecidos pelas sete usinas de açúcar da região.
A única do município é a Seresta, que foi do ex-senador Teotônio Vilela, que emprestou o nome para a cidade após sua morte, em 1982.
A Seresta está sendo administrada por seu filho Elias Vilela. As usinas dispensam a metade de seus trabalhadores na entressafra.

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