São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994 |
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Maioria dos bebês sofre de desnutrição aguda
ARI CIPOLA
"É necessária uma ação emergencial para reverter esse quadro que eu preferia não ter divulgado", afirmou. Neste ano, 80% por cento das mortes de bebês foram provocadas por diarréias e desidratação; 15%, por infecções pulmonares; 5%, por outras causas. Em três casas visitadas pela Agência Folha e pelo secretário, na zona urbana do município, 11 crianças apresentavam infecção respiratória e desnutrição. Com um ano e três dias de vida, Janaina Dias dos Santos, foi o bebê com o estado mais crítico entre os avaliados pelo secretário. Ela tinha apenas quatro quilos e meio, uma aparência de criança como aquelas que se vê em fotos da Etiópia –barriguda, pele ressecada e murcha pela falta de gordura, cabelos foscos que não crescem, além de infecção pulmonar. Nas três casas visitadas, as mães preparavam a mamadeira com o que elas chamam de "gogó". O "gogó" é uma mistura de água com farinha de mandioca. Muitas vezes sem leite. Maria das Graças Costa, 39, que já enfrentou a morte de três filhos, preparava às 8h de sexta-feira um "gogó" ralo para seu filho. Para uma mamadeira, colocava apenas um colher de leite em pó, quando o recomendável são pelo menos quatro. Os 12 mil trabalhadores rurais de Teotônio Vilela dependem de empregos oferecidos pelas sete usinas de açúcar da região. A única do município é a Seresta, que foi do ex-senador Teotônio Vilela, que emprestou o nome para a cidade após sua morte, em 1982. A Seresta está sendo administrada por seu filho Elias Vilela. As usinas dispensam a metade de seus trabalhadores na entressafra. Texto Anterior: Crianças e adolescentes produzem os caixões Próximo Texto: Faltam medicamentos no hospital municipal Índice |
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