São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994 |
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Assessor de FHC dá prejuízo à União
ELVIS CESAR BONASSA
Em 1980, Motta idealizou e convenceu o governo federal a criar a Coalbra, destinada a produzir álcool de madeira. A empresa foi montada a partir de parceria entre os governos brasileiro e da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (atual Comunidade de Estados Independentes), através de um acordo de cooperação técnica. Investimento O investimento nos quatro primeiros anos foi de US$ 12 milhões, rateados entre os governos dos dois países, segundo informações fornecidas pelo próprio Sérgio Motta. O Brasil entrou com cerca de US$ 8,5 milhões no projeto e os soviéticos com os US$ 3,5 milhões restantes. A Coalbra nunca se tornou economicamente viável. Em 1986, com o Plano Cruzado 2, o então ministro Dilson Funaro (Fazenda) decretou sua extinção. Um problema básico condenou a empresa de Sérgio Motta: falha de projeto. "O projeto, tal como foi montado, era inviável", diz Sérgio Chaves, engenheiro da Coalbra desde sua criação e seu último liquidante. TCU O Tribunal de Contas da União (TCU), em seu parecer sobre o processo de liquidação da Coalbra, dá diagnóstico semelhante: "Ante a inviabilidade do projeto, o parque industrial deixou de operar com a determinação inserida no decreto 93.603, de 21 de novembro de 1986". Esse decreto foi assinado por Funaro determinando a liquidação da Coalbra. Uma questão apontada hoje por Chaves questiona a necessidade da cooperação com os soviéticos. "Todos os equipamentos que foram importados poderiam ter sido feitos no Brasil", afirma. Motta contesta a afirmação do engenheiro Sérgio Chaves. Segundo ele, Chaves está equivocado quanto à possibilidade de o Brasil fabricar os equipamentos que foram importados da antiga União Soviética. "Os soviéticos forneceram o projeto e o coração do equipamento, os hidrolisadores, fabricados em titânio. Duvido que alguém pudesse fabricar aquilo no país", afirmou Motta. Secretário Sérgio Motta, hoje secretário-geral do PSDB e assessor da campanha de Fernando Henrique, presidiu a Coalbra de março de 1980 a maio de 84. Deixou a empresa por desentendimento com Nestor Jost, então ministro da Agricultura do governo João Baptista Figueiredo. A extinção da Coalbra se arrastou por oito anos, de novembro de 1986 até março deste ano. Em 1993, o que restava das instalações da empresa foi leiloado por US$ 1,5 milhão. Antes, máquinas e equipamentos já haviam sido vendidos para pagar dívidas trabalhistas. Todo o patrimônio da empresa foi queimado para pagar suas dívidas. Do investimento inicial, nada retornou para os cofres públicos. Além dos gastos iniciais, de US$ 8,5 milhões, a União ainda injetou dinheiro na empresa, mensalmente, até 1986. Nem Chaves, nem o Tribunal de Contas da União sabem informar quanto se perdeu nesses aportes de capital. Um único interessado participou do leilão final da Coalbra: o empresário Nelson Levy. A fábrica de álcool foi transformada agora em produtora de furfural, uma substância usada no refino do petróleo. O liquidante Sérgio Chaves foi contratado por Levy. Ocupa o cargo de diretor-superintendente da empresa, rebatizada de Cotripar. "Vamos produzir 300 toneladas por mês de furfural, mais do que a necessidade do mercado interno, que está em torno de 180 toneladas", diz Chaves. O maior comprador do produto é a Petrobrás. O projeto agora conta com financiamento da Finesp (Financiadora de Estudos e Pesquisas), agência governamental ligada ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social). Texto Anterior: SOBE-DESCE Próximo Texto: Empresário nega fracasso Índice |
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