São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994
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Meio-campo do Brasil faz torcida sofrer

DA REPORTAGEM LOCAL

O torcedor da seleção brasileira teve bons motivos para sofrer nas quatro primeiras partidas que a equipe de Carlos Alberto Parreira realizou nesta Copa do Mundo.
O meio-campo foi o principal foco de irritação com o time brasileiro. Lento, mal organizado e com pouca criatividade, gerou as maiores divergências entre a comissão técnica e seus críticos.
A princípio, a dúvida era sobre a necessidade de se jogar com dois volantes –meias que também auxiliam na defesa–, Dunga e Mauro Silva.
Esta armação dá à equipe um caráter excessivamente defensivo, o que desagrada àqueles que esperam da seleção brasileira um futebol alegre, sempre visando ao gol.
Mas os jogos do Brasil mostraram que os volantes não eram os principais problemas do time de Parreira. Os alvos das críticas passaram a ser Raí e Zinho.
Os dois meias não realizaram com eficiência a tarefa de "abastecer" os atacantes Bebeto e Romário. E, se a bola não chega ao ataque, não há gols.
Já na primeira partida da seleção, 2 a 0 sobre a Rússia, a dificuldade em converter aparecia. Não tanto, porém, por ineficiência do meio-campo, mas especialmente pelas falhas nas finalizações.
Assim, o Brasil foi marcar seus dois tentos de jogadas de bola parada: um escanteio, que Romário transformou em gol, e um pênalti.
No jogo contra Camarões, no entanto, ficou clara a deficiência na armação das jogadas ofensivas.
Somente quando o zagueiro Song foi expulso, aos 18min do 2º tempo, o Brasil teve espaço para atacar, valendo-se do "buraco" que surgiu na defesa adversária.
Também se evidenciou a dependência da seleção brasileira em relação ao atacante Romário. Com o meio-campo pouco produtivo, coube a ele arquitetar as ofensivas brasileiras ao campo inimigo.
Romário passou a jogar mais recuado, fora de sua característica, que é atuar entre os zagueiros adversários. O atacante foi "buscar o jogo" no meio-campo.
Esta tendência se confirmou na partida contra os EUA. No 2º tempo, Romário partia do meio-campo com a bola dominada e, ou tentava finalizar, ou tocava para um companheiro chutar a gol.
Foi assim que nasceu o gol da vitória. Romário driblou a zaga americana e passou, na direita, para Bebeto chutar cruzado e marcar.
Os problemas no meio-campo da seleção provocaram a substituição de Raí, que perdeu a vaga na partida contra a Suécia e foi trocado por Mazinho contra os EUA.
O próprio grupo brasileiro reconhece suas deficiências. O atacante Muller discutiu com Parreira, enquanto Romário já criticou abertamente a seleção. O técnico, porém, insistiu em se mostrar satisfeito com a produção da equipe.

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