São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994 |
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'Televitrines' são irresistíveis para os amantes do futebol
MIRIAM SANGER
Em época de Copa, público não hesita em assistir TV na rua É fatal: pergunte a qualquer telespectador que estiver parado em frente a uma TV na rua se ele costuma fazer isto com frequência. Ele inevitavelmente responderá que não. Rebata sem vacilar: "Então o que é que você está fazendo agora?" Parece preconceito, como se tal ato fosse sinônimo de vagabundagem. Mas parar para dar aquela espiadinha na "televitrine", ainda mais em época de Copa do Mundo, é quase irresistível. Paulo Bragoni, 42, representante comercial, por exemplo, diz que nunca pára para ver TV na rua. Logo em seguida, ameniza: "Só quando tem jogo de futebol, por um minutinho". Ele disse isso às 13h55. Às 14h20, continuava de pé na frente da mesma loja. Caixa contábil, Samuel Rosa Sobrinho, 35, também rebate à pergunta. Primeiro, diz que nunca assiste jogos na rua. "Prefiro ver TV em casa", afirma com convicção. Depois, questionado sobre quantos jogos viu na rua durante a Copa, ficou perdido. De memória, citou três. O bancário Douglas Alves de Oliveira, 17, também costuma dar suas paradinhas na frente das TVs do centro da cidade. "Difícil não parar, né?" Mesmo assim, ele afirma não gostar de assistir TV na rua. "Estava saindo e só queria saber quanto estava este jogo...", justifica. "Quando deixamos a TV desligada, o público entra na loja para reclamar", revela o vendedor Antonio Reinaldo Lopes, 46. Ele diz não assistir nada, mesmo com várias TVs ligadas. "Só quando a loja está vazia arrisco uma olhadinha", confessa. A "televitrine" tem até regras definidas. Número um: se a loja quiser mesmo atrair público –e não ouvir reclamações–, deve sintonizar a TV em canais que transmitam futebol, nem que sejam jogos de várzea. Regra número dois: só se consegue fazer uma mulher parar na frente da TV quando uma novela estiver apresentando seus capítulos finais. Mesmo assim, é difícil. Os homens constituem um público mais "seguro". Por último, é bom deixar a TV em um canto da entrada da loja, onde não atrapalhe a vida dos clientes que querem entrar. Porque brasileiro não faz cerimônia para parar no meio da rua e ficar, silenciosamente, assistindo TV. Mesmo que seja só por "um minutinho". Texto Anterior: Cláudia apresenta telejornal da GNT Próximo Texto: Narradores desinformam com pronúncias equivocadas Índice |
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