São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 1994
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Numa Copa fraca, até a Bulgária tem chance

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

Que esta Copa não tem qualidade futebolística, já é uma evidência. Se Itália e Bulgária disputam um lugar na grande final, isso quer dizer que neste Mundial há muito pouco para se escolher.
Estou muito feliz por Stoichkov, que agora deve estar louco de alegria. Na verdade, nem ele nem nenhum de seus companheiros conseguem acreditar que estejam nas semifinais, porque eles mesmos são os primeiros a reconhecer suas limitações como seleção.
A Bulgária é o futebol-caos, com dois bons organizadores –Balakov e Lechkov– e dois atacantes –Stoichkov e Kostadinov– de primeira linha, mas fica só nisso. De resto, ninguém se destaca. E, como se fosse pouco, eles não jogam como uma equipe, e sim cada um por si.
Apesar de tudo, foram capazes de eliminar a Alemanha. O que isso quer dizer? Quer dizer que a Alemanha, que chegou como favorita, não melhorou no decorrer da Copa, como fazia sempre. Talvez tenha havido excesso de confiança por parte dos alemães, ao verem uma Bulgária sem história e sem opções. Mas quando não se joga 100%, o resultado é o avião de volta para casa.
Foi mais ou menos isso o que aconteceu com a Suécia. Jogou muito confiante e, quando se deu conta, quase foi eliminada pelas mãos da Romênia. A seleção sueca tem um grande problema: não sabe manter o ritmo da partida.
Os suecos não sabem atacar. Estão bem organizados, controlam perfeitamente seus rivais, mas quanto têm diante de si uma outra equipe que jogue como eles, não sabem o que fazer para superá-la. Isso foi o que aconteceu frente à Romênia. Acabaram passando por maus bocados. A Romênia não é nada no contexto mundial, mas tendo em conta o baixíssimo nível futebolístico, qualquer um pode ter sua oportunidade. Os romenos estiveram muito perto de aproveitar a sua.
O Brasil é muito melhor que a Suécia, mas provavelmente os suecos preferem muito mais o jogo dos brasileiros do que o de outras equipes como a Romênia.

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