São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 1994
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Brasil e Suécia têm coisas em comum

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

Meus amigos, meus inimigos, os suecos enfrentam hoje os brasileiros pela segunda vez e, pela segunda vez, sem um jogador fundamental no seu muito bem delineado desenho geométrico de jogo.
Na primeira partida, na fase classificatória, jogaram sem o seu principal finalizador, o filho de saxofonista venezuelano (será que a combinação dá certo?) Dahlin, quatro gols nesta Copa.
Hoje joga sem o ala-lateral esquerdo Schwarz. Schwarz, uma espécie de canhotinha de ouro, é o lançador, chutador, cobrador de escanteios perigosos da seleção da Suécia. Um homem que fará falta.
Por falar em Schwarz e Suécia, lembro que, antes da Copa, um dos maiores entusiastas da seleção sueca era justamente o santista e goleiro Luís Schwarcz. Pois bem, ela é uma das quatro finalistas.
Brasil e Suécia têm várias semelhanças. São times que jogam no 4-4-2, com dois atacantes perigosos. Aliás, o duelo Bebeto-Romário (7 gols) x Andersson-Dahlin (8 gols) é o melhor do jogo.
Os dois artilheiros brasileiros são mais habilidosos e têm mais senso de espetáculo. São mais craques. Mas os dois suecos são extremamente objetivos. Conferem em qualquer chance que aparece.
A Suécia tem o rigor de uma banda de fuzileiros navais executando uma das marchas de Souza. Quatro zagueiros em linha. Quatro meios-campo, em linha também, à frente dos zagueiros.
O Brasil apresenta uma pequena variação com a entrada do Mazinho: fica com três volantes à frente da zaga e apenas com Zinho um pouco mais à frente.
Contra a Holanda, o Brasil também apresentou uma novidade: adiantou mais a marcação, esquema que Parreira promete repetir hoje. A Suécia deve postar o meio-campo na sua intermediária.
Outro ponto em comum entre os dois times é que eles são, dentre todos no Mundial, os que apresentaram o mesmo esquema de jogo, com ligeiras variações, desde o início da competição.
São times que já chegaram aos EUA sabendo como jogariam. A Itália e a Alemanha, por exemplo, usaram quase todos os 22 jogadores durante a Copa.
Brasil e Suécia praticamente só foram impelidos a mudanças por obstáculos físicos e disciplinares. E, quando variaram de jogadores, alteraram apenas em detalhes a quadratura tática.
Há ainda uma outra coincidência. Os dois times usam entre os seus titulares dois dos jogadores considerados como os de pior desempenho nesta 15ª Copa do Mundo de futebol.
Na seleção brasileira, Zinho (se bem que ele é mais mal avaliado pela imprensa brasileira do que pela imprensa internacional). Na seleção sueca, o desajeitado número 8 Klas Ingesson.
Já lá do outro lado da América, na costa Leste, pode dar de tudo. Do zen Baggio ao Cristo Stoichkov.

Faz calor aqui. Faz frio no Brasil. O frio do Brasil aí tem tido mais destaque na mídia nesses últimos dias do que o calor futebolístico que emana daqui.
O frio daí aumentou o preço do café aqui. É a natureza brasileira aumentando a inflação no país dos Clintons.

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