São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 1994
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Roberto Baggio leva Itália para a final

SÍLVIO LANCELLOTTI
ENVIADO ESPECIAL A EAST RUTHERFORD

A Itália bateu ontem a equipe da Bulgária por 2 a 1, na sua melhor performance na Copa dos EUA, e saiu do Giants Stadium de East Rutherford, Nova Jersey, com uma certeza e uma glória: já é a campeã do Mundial entre as equipes que só utilizam jogadores em ação no seu próprio país.
O placar era pequeno pelo que a "Azzurra" exibiu na etapa inicial. E se provou bem justo, ao final do jogo, numa homenagem à bravura da Bulgária, que lutou com dignidade, sem esmorecer e sem recorrer à violência, até o último apito do francês Joel Quiniou.
A torcida peninsular permaneceu comemorando nas arquibancadas até que Roberto Baggio se despedisse no centro do gramado, chorando muito, sem saber se disputará a decisão.
O craque futebudista anotou os dois tentos de seu país e enfim realizou uma partida "excepcional", segundo seu mister Arrigo Sacchi.
Aos 20min, recebeu um arremesso lateral de Donadoni, pela esquerda, e correu horizontalmente na direção da meia-lua búlgara.
No caminho, desvencilhou-se de Houbtchev e de Ivanov e chutou cruzado, no canto oposto de Mihailov, "Azzurra" 1 a 0.
Logo depois, aos 25min, Baggio recebeu um lançamento de Albertini e invadiu a área do inimigo pela direita. O tiro rasteiro não deu chance a Mihailov, Itália 2 a 0.
Naquela quadra da partida, a Itália havia finalizado sete vezes, perigosamente, contra a meta da Bulgária. No arco da seleção da Bota, Pagliuca tinha só agarrado um tiro de longe de Letchkov.
Com as mãos invariavelmente na cintura, Hristo Stoichkov se limitava a reclamar dos colegas. Mas a Bulgária conseguiria produzir um gol aos 42min, após um passe equivocado de Donadoni.
Nasko Sirakov recuperou a bola na intermediária e produziu um empolgante lance individual. Driblou quatro italianos e acabou derrubado por Billy Costacurta. Pênalti, que Stoichkov converteu impecavelmente, a pelota num canto e Pagliuca no outro.
No tempo derradeiro, a "Azzurra" se resguardou. Na decisão, contudo, não terá Costacurta, que recebeu o segundo cartão amarelo –e talvez nem Roberto Baggio, que sentiu uma fisgada na coxa destra aos 26 min.
O balcânico Penev tentou o impossível para reverter o resultado.
Num calor de 35 graus Celsius, a umidade do ar na casa dos 80%, o treinador tirou o exausto Stoichkov e colocou Iordanov, que só participara de 163 minutos de batalha nos cinco prélios anteriores.
Também tirou o inútil Kostadinov e colocou em seu lugar um zagueiro, Guentchev, apenas 30 minutos de ação na Copa –empurrando à frente o zagueiro Ivanov, esperança nas cabeçadas.
Costacurta, o capitão Paolo Maldini e, principalmente, o volante Antonio Conte, fecharam a retaguarda da "Azzurra" e a peleja terminou sem que a Bulgária exigisse o talento de Pagliuca.
Na coletiva do final da pugna, Arrigo Sacchi se recusou a oferecer um palpite sobre o seu adversário no domingo em Los Angeles.
Elogiou, todavia, o Brasil: "Quem não deseja fazer a decisão do Mundial com um time tão tradicional e tão poderoso?"

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