São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 1994
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Tucanos fazem críticas à indecisão de Britto

EMANUEL NERI
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Parte do PSDB gaúcho está insatisfeita com o tipo de apoio, considerado muito discreto, que o PMDB antiquercista do Estado está dando à candidatura do tucano Fernando Henrique Cardoso.
Alguns peessedebistas acham que a timidez no apoio a FHC retrata a indecisão desses peemedebistas entre Leonel Brizola, Lula e o próprio candidato tucano.
"Quem quer sentar em muitas cadeiras acaba não sentando em nenhuma", disse ontem o ex-deputado gaúcho Hermes Zanetti, da direção nacional do PSDB.
Ele é um dos tucanos insatisfeitos com o tipo de apoio do PMDB.
FHC está desde anteontem em Porto Alegre e não recebeu nenhuma manifestação pública de apoio dos peemedebistas.
"Esse pessoal (do PMDB) só quer o que é o bom para eles", afirmou Zanetti.
O deputado federal Adroaldo Streck, presidente do PSDB gaúcho, entende que o fato de o senador Pedro Simon (PMDB-RS) ter oferecido um jantar para FHC, após o jogo Brasil X Suécia, é uma prova de apoio.
"Para um bom entendedor, um gesto basta", afirmou Streck.
"Ele é um turco muito pão duro. O jantar na casa dele foi um escancaramento", disse Streck, referindo-se a Simon.
O ex-deputado Vicente Boggo (PSDB), candiato a vice-governador na chapa de Antônio Britto (PMDB), diz que, "com o tempo, não tem outra solução senão o PMDB deixar o apoio explícito".
FHC foi ao Rio Grande do Sul certo de que obteria apoio claro dos peemedebistas que se recusam a apoiar Quércia.
Peemedebistas e tucanos assistitiram ao jogo do Brasil juntos, mas tanto Britto como Simon evitaram dar declarações públicas de adesão ao candidato tucano.
Um peessedebista que tem acompanhado as viagens de campanha de Britto diz que ele não pede votos para FHC nem em reuniões fechadas com lideranças do PMDB do interior.
César Schirmer, candidato ao Senado pelo PMDB, chegou a pedir a esse tucano para não fazer campanha para FHC durante as viagens de Britto. Schirmer deve apoiar Brizola.
A Folha apurou que Britto teme perder votos ao declarar seu apoio a FHC agora.
Na sucessão presidencial, seu eleitorado está distribuído entre Lula, Brizola, FHC e Orestes Quércia.
Na avaliação de assessores de Britto, ele pode perder votos se manifestar apoio a qualquer um desses candidatos.
Britto também trabalha a imagem de que sua candidatura está acima dos partidos.
FHC necessita do apoio do PMDB gaúcho para melhorar seus índices no Estado.

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