São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Górecki chega e jura que irá torcer por Romário no domingo

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 16/07/94

Diferentemente do que afirma este texto, a apresentação da Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional Polonesa em São Paulo será no teatro Sérgio Cardoso e não no Memorial da América Latina. Górecki chega e jura que irá torcer por Romário no domingo
O compositor polonês Henryk Mikolaj Górecki, 60, chegou ontem às 5h15 a São Paulo, em vôo vindo de Bruxelas. Ele faz parte da comitiva de 94 pessoas da Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional Polonesa, que se apresenta amanhã em Campos do Jordão (a 175 quilômetros a nordeste de São Paulo) e domingo no Memorial da América Latina em São Paulo. O jogo, a festa ou a derrota não vão impedir que o concerto se realize.
Górecki é o compositor contemporâneo de maior sucesso hoje em dia. A gravação de sua "Sinfonia nº 3" vendeu 700 mil cópias e foi primeiro lugar na parada pop londrina em março de 1993.
Ele chegou às 15h15 para a coletiva, no salão Gênova do hotel Ca' d'Oro. Estava bem-humorado e começou propondo conversar sobre futebol.
"Acompanho a seleção brasileira desde antes da Segunda Guerra", contou, sem que ninguém lhe perguntasse. "Agora vamos torcer para Romário. Pelo que vi do jogo com a Suécia, contra a Itália vai ser duro".
Górecki divagou sobre sua obra ao longo de 2 horas e meia. Ele lamentou a situação atual da Polônia e disse que não gostaria de falar sobre o assunto, pois era muito próximo do sindicato Solidariedade. "Muitos músicos saíram da Polônia após o comunismo, mas por razões financeiras. A situação melhorou para os compositores, que não precisam seguir as determinações do governo".
Górecki se diz contrário à idéia de folclore, apesar de usar temas populares em sua obra: "O termo me lembra o governo comunista. Prefiro chamar de música do povo. Ela é importante, mas não fundamental na minha obra".
Fundamentais para ele são as obras dos compositores Mozart, Chopin, Brahms, Beethoven, Monteverdi, Mahler e Szymanovski. "Eu não troco uma mazurca de Chopin por toda a obra de Boulez e Stockhausen juntos".
Depois, alongou-se em explicar como compôs sua sinfonia de sucesso. "Boulez e Stockhausen me xingaram há 20 anos, quando a escrevi. Disseram que eu compunha para empregadas. Não me vejo compondo para o público de Darmstadt (festival de vanguarda europeu). Sempre compus como quis e vou continuar a fazê-lo".

Texto Anterior: Justiça vai analisar a lista de devedores
Próximo Texto: Para 73%, real não reduz poder de compra
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.