São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 1994
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Vendas de carros desabam nos 10 primeiros dias do mês

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A queda na venda de automóveis nos primeiros dez dias de julho foi de 42,3%, em comparação com o mesmo período do mês anterior.
Até o último domingo haviam sido comercializados 14.236 carros, contra 24.686 de 1º a 10 de junho.
As concessionárias apontam como responsáveis pelo fraco desempenho do setor a política de juros altos do governo, o período de adaptação do consumidor à nova moeda e até os jogos da seleção na Copa do Mundo.
A diminuição de vendas atingiu todas as marcas. A Volkswagen teve a menor queda (33,7%). A General Motors, a maior (58,8%). A Fiat vendeu 36,7% menos e a Ford, 48%.
Somando-se automóveis e comerciais leves (picapes, furgões), a tendência se mantêm, com queda de vendas, no período, de 42,7% (17.037 unidades em julho, contra 29.772 em junho).
Os 17 mil veículos comercializados nos dez primeiros dias de julho representam 15,1% do total das vendas de junho (112.337).
O presidente da Abradif (associação dos distribuidores Ford), Bruno Caltabiano, diz que somente o carro popular não sofreu o impacto da introdução do real.
"Na rede Ford, somente as vendas do Hobby mantiveram o ritmo. No restante, a parada foi quase total, por causa dos juros altos, Copa do Mundo e a propaganda do governo, pedindo ao consumidor para adiar as compras".
Caltabiano espera que o mercado volte ao normal na segunda quinzena. "Sentimos uma ligeira retomada a partir do final de semana. Acredito que este mês as vendas ainda atingirão o mesmo nível de junho".
Otimismo
Nicolau Kohn, diretor da Assobrav (associação dos revendedores Volkswagens) e da concessionária Davox, também está otimista.
"As vendas praticamente voltaram ao normal segunda-feira. A Davox já está negociando 40 carros por dia, em média".
Naul Ozi, da Caraigá (Volks), acredita que o mercado "terá uma boa semana após a Copa do Mundo", apesar das altas taxas de juro que, segundo ele, estão "atrapalhando bastante". Ozi também aposta que o resultado de julho será semelhante ao do mês passado.
Na rede Chevrolet, o panorama é diferente. "Essa semana houve um aumento de consultas, mas poucos negócios fechados", diz Munir Faraj, gerente de vendas da Trans-Am.
"O cliente está indeciso. Uns acham que o preço do carro vai baixar, o que não vai acontecer. Outros esperam queda no juro do financiamento. E existem os que têm dólares e aguardam que ele volte a subir", explica Faraj.
O movimento da Trans-Am está entre 35% e 40% mais fraco este mês. Para Faraj, as vendas de julho serão 20% menores do que as de junho.
As revendas oferecem descontos em todos os modelos, com exceção dos carros populares, que não existem para pronta entrega.
Os carros básicos podem ser comprados com redução de até 5%. Nos carros mais caros, os descontos chegam a 15%.

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