São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 1994
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Brasil fez sua melhor partida nesta Copa

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ninguém melhor que Carlos Alberto Parreira conhece mais a fundo o Brasil atual.
Mesmo assim, ele tem sido muito criticado pelo fato de sua equipe não ter o que alguns chamam de "magia".
Mas nas horas que antecederam a decisiva partida das semifinais contra a Suécia, Parreira não falhou na análise de seus jogadores.
Ressaltou que eles tinham maturidade, experiência e, o mais importante, que sabiam o que queriam: ser finalistas desta Copa do Mundo.
Sem dúvida, a partida entre Brasil e Suécia foi, futebolisticamente, a mais bem jogado pela seleção brasileira nos campos dos Estados Unido.
Não foram os suecos que se fecharam em sua área. Foram os "canarinhos" que os encurralaram, que fizeram esgotar, em 90 minutos, a força física de uma equipe perfeitamente organizada.
O Brasil teve a indiscutível qualidade de dominar sempre, de controlar a partida durante todo o tempo, de impedir que os suecos colocassem o nariz além da sua metade do campo.
E, o que é mais louvável, foi um domínio que criou perigo, que propiciou chances de gol. O fato de o Brasil ter marcado somente a dez minutos do final não foi mais do que uma anedota.
Aí está a diferença entre Brasil e Itália. Na sua semifinal, os italianos demonstraram finalmente que são capazes de criar situações de perigo, mas só durante 20 ou 30 minutos. Depois, nada.
Já o Brasil imprime um ritmo constante em suas partidas. É isso que faz dos brasileiros favoritos para a final. Isso e Romário.
Contra a Suécia, se manteve a constante do binômio Romário-gol nesta Copa. Se Romário não marcar gol, ninguém marca pelo Brasil.
Mas não se pode criticar Romário pelo fato de ter desperdiçado um gol cantado e decantado contra a Suécia.
Acho que 99% dos atacantes podem perder um gol e serem criticados. Por exemplo, o espanhol Julio Salinas.
Seu erro contra a Itália, nas quartas-de-final, custou a eliminação à Espanha. Mas a jogada de Salinas foi fabricada por outros.
Romário inventa ele mesmo as suas. E é capaz de transformar em realidade a imaginação de um gol. Ele não pode ser criticado nunca.

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